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Há cerca de 20 dias, a empresária Maria Terezinha Patrão, 53 anos, moradora do bairro Portão em Curitiba, foi colocar os quatro cachorros para dormir quando deu de cara com um pequeno escorpião amarelo-claro na entrada do canil. "Ele se armou todo quando me viu, levantou as garrinhas, mas eu peguei o chinelo e o matei", conta ela, que nunca tinha visto um escorpião antes.

O que não passaria de um pequeno susto doméstico ganhou importância quando o aracnídeo foi identificado como um Tityus stigmurus, espécie de relevância médica bastante comum no Nordeste do país, mas inexistente na região Sul até agora. Enviado à Coordenação de Controle de Zoonoses e Vetores (CCZ) da prefeitura de Curitiba, o animal foi analisado e remetido ao Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI), órgão da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) responsável pela produção de soros e antídotos aos venenos de origem animal.

"É uma espécie invasora, não encontrada facilmente por aqui", resume a bióloga da CCZ Cláudia Staudacher. "Acreditamos que seja um caso isolado, já que a senhora que o encontrou disse ter viajado para Pernambuco e que trouxe frutas de lá. Ele pode ter vindo escondido numa caixa." A bióloga conta que o escorpião inspira cuidados: "A picada dele é significativa, causa muita dor e, dependendo das condições de saúde da pessoa, da idade e da quantidade de veneno injetada, pode provocar uma reação capaz de levar à morte". Em 11 anos de trabalho no CCZ, é a primeira vez que a bióloga recebe um stigmurus.

Biólogos da Sesa e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) estão pesquisando as imediações da casa da empresária para saber se era só um exemplar ou se a espécie já está autóctone – se já está procriando no local. Existe a possibilidade de a espécie ser partenogenética – composta por indivíduos hermafroditas capazes de se autofecundar. Nesse caso, não seria preciso mais do que um exemplar para formar uma nova geração.

O CPPI já registrou outros relatos de stigmurus em Castro e em Umuarama – na última cidade eram vários exemplares. A Sesa ainda está fazendo um acompanhamento da fauna de escorpiões no Paraná, mas as informações preliminares indicam que as espécies de interesse médico mais comuns no estado são o Bothriurussp, um escorpiãozinho preto de 4 a 6 centímetros e o Tytius serrulatus (escorpião amarelo) – o último responsável por acidentes mais graves. Outras espécies menos perigosas encontradas no Paraná são a Tytius bahiensis e Tytius costatus. A região que notificou a maior quantidade de escorpiões esse ano foi a de Ponta Grossa, com 97 casos. Em 2005 não houve nenhum óbito no estado em decorrência da picada de escorpiões.

Hábitos

Cláudia Staudacher conta que esses aracnídeos normalmente têm hábitos noturnos, ou seja, ficam escondidos durante o dia sob pedras, troncos, entulhos, telhas, tijolos e saem à noite para buscar alimento. "Eles ficam mais ativos em dias quentes porque as altas temperaturas favorecem a proliferação de insetos, particularmente baratas, o seu alimento predileto", revela a bióloga.

Serviço: Outras informações no site www.saude.pr.gov.br ou no Centro de Controle de Envenenamento, no telefone 0800-41-0148.

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