O governo espanhol considera "injusto" o tratamento que está recebendo do Brasil, segundo o jornal catalão "La Vanguardia". O diário, de tiragem nacional, afirma que, desde o dia 2 de março, seis espanhóis, que desembarcaram em Guarulhos, foram impedidos de entrar no país. Desta maneira, o Brasil estaria demonstrando que "decidiu, de surpresa, antecipar", de acordo com o meio de comunicação espanhol, a adoção do princípio de reciprocidade, que começaria a ser posto em prática no dia 2 de abril.
O diplomata Juan José Buitrago, da embaixada espanhola em Brasília, teria dito ao La Vanguardia que o importante é dialogar, para que o conflito possa ser resolvido sem que atrapalhe as excelentes relações bilaterais. Buitrago lamenta a "imagem injusta" que está sendo dada da Espanha no Brasil.
Por conta do suposto endurecimento no controle migratório aeroportuário aos espanhóis, o jornal catalão menciona que Guarulhos exigiu, a um dos turistas, no fim de semana passado, o comprovante do pagamento do hotel durante toda a sua estadia. O procedimento, no entanto, deveria se limitar a requerer a reserva ou, no máximo, a primeira noite paga.
Outro espanhol, Pablo Ferreirós, com quem a reportagem de O Globo falou por telefone, afirmou que tinha todos os documentos solicitados, mas que, por viajar para assistir a um ciclo de conferências, lhe foi exigido visto de trabalho. Ferreirós, que no dia 2 de março foi devolvido no mesmo voo a Madri, voltou a viajar ao Brasil, desta vez a Porto Alegre, no dia 10, e conseguiu entrar sem problemas.
O jornal "La Vanguardia" relembra o caso da brasileira Dionísia da Silva, de 77 anos, que dormiu três noites no aeroporto madrilenho de Barajas por não ter apresentado a carta-convite exigida pela normativa Schengen. Cita fontes oficiais que afirmam que Dionísia recebeu atendimento médico, intérpretes, apoio e banheiro, serviços que foram considerados bons pelos inspetores de imigração brasileiros convidados a visitar as instalações de Barajas, quando começou o conflito, em 2008. Segundo estas fontes e outras testemunhas, diz o jornal catalão sem mencionar nomes, os serviços oferecidos na Espanha "superam muito os oferecidos no Brasil".
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