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Análise

Parque passou de ponto frequentado pela elite a lugar degradado

Um estudo realizado pelo antropólogo Sandro Luis Fernandes no evento Vinada Cultural, em abril, jogou luz sobre os motivos que levaram à necessidade da criação de uma campanha para ocupar o local, capitaneada por artistas locais e pela Gazeta do Povo.

Fernandes analisa o histórico da região e como ela passou "de local de encontro privilegiado de parte da sociedade curitibana até os anos 1990 para ponto de prostituição e de poucos frequentadores dos seus equipamentos urbanos".

De acordo com o estudo, na época de maior visitação do Passeio, havia ao redor o parque de diversões Alvorada, na Avenida João Gualberto, o Cine Morgenau e shows de grande porte no vizinho Palácio de Cristal do Círculo Militar. Além disso, a mudança do zoológico para o bairro Boqueirão, a inauguração do Shopping Mueller e a especulação imobiliária da região são apontados como possíveis agentes causadores da mudança de perfil do local.

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Os principais motivos apresentados pelos curitibanos para riscar o Passeio Público do roteiro de lazer não encontram respaldo nas estatísticas. Os argumentos da falta de segurança e a dificuldade de acesso são injustificáveis. O local tem menos ocorrências policiais que outros pontos da cidade e é bem servido de linhas de transporte coletivo e estacionamentos.

INFOGRÁFICO: Insegurança e falta de transporte não servem como desculpa para evitar o Passeio Público

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No primeiro semestre deste ano, o Passeio Público teve apenas nove ocorrências registradas pela Guarda Municipal. As praças Eufrásio Correia, Tiradentes, General Osório e Santos Andrade tiveram somadas, no mesmo período, 310 casos. A Polícia Militar, que mantém a sede de uma de suas companhias dentro do Passeio Público, registrou no local apenas dez ocorrências entre abril e junho.

Os números contradizem a percepção de moradores de Curitiba sobre o parque, traduzida em pesquisa publicada pela Gazeta do Povo em maio. Nela, 79% de 526 entrevistados disseram não frequentar o Passeio Público, sendo que 18% afirmaram não usar o local por temer a violência. Na ocasião, apenas a falta de tempo teve porcentual mais alto (29%) entre as razões para evitar o Passeio Público.

Outro item bastante citado foi a localização (12%), mas também é um motivo questionável. Além de ser o parque mais central da cidade, o Passeio é servido por 28 linhas de ônibus, que param em pontos como o da Praça 19 de Dezembro e do Shopping Mueller, ou na estação-tubo localizada em frente ao parque.

Apesar de o Passeio Público não contar com estacionamento gratuito – como no Barigui, que comporta 1.950 veículos –, a Secretaria de Trânsito estima a existência de 420 vagas de EstaR em um raio de até dois quilômetros do parque central. O tráfego intenso da região, porém, pode desestimular esse modal. Nesse caso, a bicicleta é uma alternativa, já que uma ciclovia margeia o parque.

Ideia errada

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Mesmo sendo facilmente contornáveis, os motivos que afastam os usuários do Passeio podem indicar uma percepção equivocada da população sobre o parque. Apesar de ser o mais central de Curitiba, não está entre os mais visitados.

Segundo estimativas da Secretaria do Meio Ambiente, mais de mil pessoas passam pelo Passeio Público diariamente – média que chega a 2,5 mil aos fins de semana. Outros parques da cidade, como o Tanguá e o São Lourenço, por exemplo, têm média diária que ultrapassa a casa dos 4 mil visitantes.

Prefeitura quer mais iluminação e pista de corrida

Dentre os entrevistados, 12% citaram a falta de atrativos e de estrutura como motivo para não frequentarem o Passeio Público. Para tentar derrubar essa justificativa, a prefeitura de Curitiba promete investir no reforço da iluminação interna e iluminação cênica nos portais de acesso.

As melhorias foram anun­­­­ciadas em maio, quando a administração municipal informou que investiria R$ 147 mil na nova instalação elétrica e revestiria os mil metros da pista de corrida para melhorar a acessibilidade do local.

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Enquanto as reformas não são concluídas, porém, quem vai ao Passeio Público encontra à disposição uma série de equipamentos fixos e atividades temporárias. Em uma área de mais de 70 mil metros quadrados com diversas espécies nativas e exóticas, o parque conta, por exemplo, com 400 animais de mais de 150 espécies diferentes de mamíferos, aves, répteis e peixes. Além disso, há aquário, terrário, restaurante, parque infantil, ciclovia e bicicletário.