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Hildebrando Reinert comanda uma indústria de sucesso em Piraquara,  que tem o menor PIB per capita do Paraná | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Hildebrando Reinert comanda uma indústria de sucesso em Piraquara, que tem o menor PIB per capita do Paraná| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Entenda o que é o PIB per capita

Soma de riquezas

O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todas as riquezas produzidas no país, estado ou município durante um determinado período. O cálculo é feito em reais ou dólares.

O PIB per capita é o PIB dividido pelo número de habitantes. Esse número serve para relacionar o crescimento da produção com o da população. Através desse cálculo, é possível verificar se na média o município é produtivo.

É possível que o PIB aumente enquanto o PIB per capita diminua. Isso ocorre se a população cresce mais do que a produção num determinado ano.

É importante lembrar que o PIB per capita é apenas uma média, já que a distribuição desse ganho ou perda acontece de forma desigual entre as pessoas. Este efeito não pode ser captado pelo indicador.

Histórias de desemprego e prosperidade

Há 14 anos, Lovaine Loures Souza chegou a Araucária com seis fi­­lhos em busca de uma nova vida. Vinda de Marmeleiro, na Região Su­­doeste do estado, deixou para trás os problemas com o ex-marido e se instalou perto de alguns familiares. Hoje, com um novo companheiro e parte dos filhos criados, vi­­ve do seguro desemprego e dos ganhos do atual marido, que trabalha como pedreiro. Apesar de não re­­clamar da vida, seu padrão está abaixo daquilo que se espera para alguém que reside em uma das cidades mais ricas do Paraná.

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  • Veja as diferenças entre os indicadores econômicos e sociais de cinco municípios paranaenses

Quanto mais rico um município, maior qualidade de vida tem sua po­­pulação. A afirmação pode até parecer lógica, mas não é o que os nú­­meros demonstram na prática. Algumas estatísticas revelam que as cidades com maior Produto In­­terno Bruto (PIB) per capita do Pa­­ra­­ná não são exatamente aquelas que apresentam distribuição de ren­­da igualitária ou os melhores in­­dicadores sociais. Da mesma for­­ma, municípios considerados po­­­­bres estão longe de serem os que têm a população menos favorecida.Araucária (na região metropolitana de Curitiba-RMC) e Paranaguá (no litoral) podem ser consideradas as cidades mais ricas do estado, visto que apresentam o maior PIB per capita entre os 399 municípios pa­­ranaenses. Em 2008, Araucária ti­­nha um produto de R$ 94.966 para cada habitante, enquanto Pa­­ra­­na­­guá somava R$ 51.244. Já os dados sobre rendimento domiciliar mé­­dio per capita, apurados em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística (IBGE), não acompanham esse de­­sempenho. Araucária, por exemplo, é apenas a 38.ª colocada nesse quesito, com um rendimento médio de R$ 763,98. Paranaguá aparece na 32.ª posição (veja mais no infográfico).

Para Luciano Nakabashi, professor do Departamento de Eco­no­mia da Universidade Federal do Paraná, a discrepância en­­tre os números do PIB per capita e do ren­­dimento médio é natural, em todo o Brasil. "O PIB representa tudo aqui­­lo que é produzido no município. No entanto, só uma parte des­­­­se montante é revertida em sa­­lários. O restante fica como lucro pa­­­­ra a empresa, que pode reinvestir esses valores no município ou não."

Se a diferença entre produção e ganhos da população é tida como normal, o que deve acontecer, se­­gundo Nakabashi, é que o rendimento médio acompanhe o crescimento do PIB per capita. "Se o município está acumulando mais riquezas, deverão ser pagos me­­lhores salários. A renda vai au­­mentando e as pessoas vão melhorando de vida", avalia.

Queda

Tanto nos dois municípios com maior PIB per capita quanto nos dois com o menor produto, o rendimento médio cresceu nos últimos anos. Inclusive em Paranaguá e Almirante Ta­­mandaré (na RMC), onde o PIB sofreu queda.

Entre os municípios mais pobres, Almirante Tamandaré (RMC) tem um PIB per capita de R$ 4.596 e Piraquara, na mesma região, de R$ 4.532. Mesmo com a baixa geração de riquezas, não se pode dizer que as duas cidades são as campeãs em desigualdade. Em Ta­­mandaré, 0,41% dos domicílios têm renda de até R$ 70. Já Piraquara fica distante das últimas colocações quando se fala em rendimento médio: é a 141.ª, com R$ 631,42.

O chefe do IBGE no Paraná, Sinval Dias Santos, explica que o rendimento médio é levantado com base no que os habitantes declararam ao responder o Censo. O cálculo toma por base o total de moradores em cada domicílio e a renda familiar declarada durante a entrevista. "Nem sempre o que as pessoas declaram como rendimento vem daquilo que é produzido na cidade. Às vezes a pessoa tem uma ocupação fora ou alguma outra fonte de renda, por isso a diferença em relação aos números do PIB per capita", diz.

Indicadores sociais destoam das cifras

Mais que a diferença entre PIB per capita e rendimento das famílias, o que chama a atenção é a relação entre a riqueza dos municípios e os indicadores sociais. Dados relacionados ao atendimento em duas áreas essenciais (saúde e educação) não acompanham as primeiras colocações na geração de divisas.

O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social desenvolveu o Índice Ipar­des de Desempenho Munici­pal, que mede a qualidade de gestão e ações públicas nos 399 municípios do estado, considerando três eixos principais: trabalho e renda, saúde e educação. Quanto mais pró­­ximo de 1, melhor o desempenho.

Araucária, com seu PIB expressivo, está na 128.ª colocação no que­­­sito saúde e 261.ª em educação. Desempenho ainda pior tem Paranaguá, 318.ª em saúde (atrás de Piraquara) e 330.ª em educação. Situação mais contrastante vive a cidade de Doutor Ulysses, no Vale do Ribeira. A cidade detém os piores índices de saúde e educação no Paraná, além de ser a penúltima em rendimento médio. Seu PIB per capita, no entanto, é de R$ 10.147, o que lhe confere a 209.º lugar.

O peso dos mananciais

Não é difícil entender o porquê de Piraquara figurar com o menor PIB per capita entre os municípios paranaenses. Por estar em uma área de mananciais, seu território tem uma série de restrições ambientais que impede que grandes empresas se instalem na cidade. O resultado é um número ínfimo de indústrias, o que por consequência gera um volume pequeno de receitas para a prefeitura.

"Devido a essas restrições, é difícil gerar emprego e renda no município. Isso implica em problemas sociais, como a dificuldade na prestação de serviços e a criminalidade", reconhece o prefeito Gabriel Samaha.

Em Araucária, a grande responsável pelo desenvolvimento econômico do município é a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Petrobras. A contribuição da empresa representa 65% de toda a receita arrecadada pela prefeitura com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

O secretário de Planejamento de Araucária, Leonardo Brusa­molin Júnior, lembra que toda essa riqueza é compartilhada com outras economias do estado e do Brasil. "Um indicador que pode ser analisado é o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano], no qual Araucária aparece em 21.º no estado. Isso demonstra uma aplicação adequada e condizente com o orçamento do município".

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