O registro de vários dias quentes no mês de agosto, em Curitiba, causou o mesmo fenômeno percebido no ano passado: as árvores começaram a florir antes da hora. A falta de chuvas, os dias mais longos e as tardes com clima agradável são alguns dos fatores que podem ter favorecido o início da floração, esperado apenas para setembro, quando começa a primavera.
O fenômeno preocupa o professor de morfologia e sistemática vegetal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Luiz Antônio Acra. "Futuramente pode ser um problema. A planta começa a sofrer modificações e acaba gerando novas e diferentes plantas. Agora, se esta modificação não for suficientemente adequada para a manutenção do organismo vivo, ele tende a se extinguir", explica.
O professor orientou, no ano passado, uma pesquisa científica que comprovou que a planta caliandra, também conhecida como "pompom vermelho", antecipou a sua floração em dois meses. "Ela deveria começar a florir no fim de agosto, mas no início de julho de 2006 a caliandra já tinha flores", diz.
A floração antecipada também pode causar outros danos às plantas, como a falta dos aparelhos reprodutores. "As flores aparecem bem coloridas, porém há um gasto de energia para a natureza que é caro, pois de nada adiantam para a reprodução", afirma.
Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, a média histórica da temperatura no mês de agosto era de 14ºC entre 1961 e 1990. Porém, nos últimos anos, esta média passou a 16ºC. O acréscimo de 2ºC pode influenciar significativamente nas florações. Outra alteração climática é a diminuição de chuvas. A média histórica é de 80 milímetros, mas até agora não ocorreram precipitações neste mês de agosto. "Se está calor e há pouca água, a planta também pode acelerar o processo de floração para garantir sua sobrevivência", comenta Acra.
O professor de Biologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Renato Goldenberg, não compartilha da mesma opinião. Para ele, as florações estão acontecendo normalmente. "As plantas não têm calendário ou estação meteorológica. Não faz diferença elas florirem no final de agosto ou início de setembro. Nesta época os dias ficam mais longos e, assim, as plantas começam a florescer", explica.
A elevação de 2ºC nas médias climáticas e a antecipação da primavera também alteram o modo de vida da população. De acordo com o alergologista e professor da UFPR, Nelson Rosário, 25% dos curitibanos têm rinite alérgica e 12% dos adultos têm alguma sensibilidade ao polén. "Ainda não ocorreram as crises de alergia, que são mais evidentes entre setembro e dezembro. Mas com o clima seco e a abundância de ventos as pessoas devem tomar cuidado, porque aumenta a concentração de poluentes e de alergênicos no ar."
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