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Um péssimo exemplo. É assim que o arquiteto e urbanista Ricardo Tempel Mesquita, especialista em acessibilidade, define a estrutura da Rua da Cidadania do Carmo, na Regional Boqueirão, em Curitiba. O equipamento possui um grande "X", um dispositivo para dar equilíbrio à obra, que fica na altura da cabeça de uma pessoa com estatura média – um perigo constante para deficientes visuais.

"Este é o conceito de planejamento em quase todos os espaços públicos de Curitiba", define Mesquita, que cita a Ópera de Arame e os terminais de ônibus. No caso do Carmo, o "X" (o nome técnico é contraventamento) fica no caminho de quem segue da Rua da Cidadania para o terminal rodoviário. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina que "eventuais obstáculos aéreos" devem ficar a uma altura mínima de 2,10 metros.

Para Mesquita, a acessibilidade tem chamado a atenção da iniciativa privada devido a questões econômicas. "Os estabelecimentos comerciais viram que estavam deixando de atender um segmento da população, que estavam perdendo dinheiro", afirma. "Mas é mais fácil a sociedade cobrar a adequação de órgãos públicos do que da iniciativa privada."

O arquiteto cita um exemplo de como o Brasil ainda não está totalmente preparado para o tema: "Em dezembro do ano passado, tratávamos da acessibilidade em Brasília, uma cidade que não tem calçadas. O evento foi no subsolo do Ministério das Cidades, que não tinha elevador. Se essa é a visão que se tem na capital federal, imagine no resto do país."

Outro mau exemplo, segundo ele, são as estruturas de ferro colocadas pela prefeitura de Curitiba para impedir que automóveis subam na calçada ou evitar que pedestres atravessem a rua fora da faixa de segurança. O equipamento deveria ser preenchido com uma tela, para que os cegos possam senti-lo com a bengala. Outro elemento perigoso são os cabo de aço preso a postes e ao chão, como na quadra do Teatro Guaíra. "De noite não dá para ver", afirma.

Assessorias

Desde o ano passado a prefeitura de Curitiba conta com quatro assessorias especiais para assuntos de acessibilidade. Os assessores (três deles deficientes) trabalham diretamente com o prefeito Beto Richa. Um dos trabalhos vem sendo desenvolvido em escolas municipais. A escola Thomas Edison de Andrade Vieira, no bairro Pinheirinho, foi construída de acordo com as normas da ABNT. As demais serão adaptadas, segundo a coordenadora de Atenção aos Portadores de Necessidades Especiais da prefeitura de Curitiba, Iaskara Maria Abrão. "A preocupação é cada vez maior, porque o número de deficientes está crescendo, devido ao grande número de acidentes de trânsito", diz ela. (JML)

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