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Entre especialistas, a aprovação pelo conselho de classe é polêmica. Há quem defenda e diga que a culpa pela reprovação não é só do aluno e quem ache que a escola precisa cobrar mais dos estudantes. Para o professor da Uni­­versidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme do Val Toledo, um aluno que reprova mais de uma vez indica um problema com os professores. "O docente acompanha sua turma. Tem de entender as necessidades específicas de cada um e montar um projeto para superá-las." O professor argumenta que a reprovação pode ser positiva, mas pode gerar trauma: "O aluno se sente estigmatizado. A distorção idade-série ajuda a gerar evasão, porque não há estímulo".

Já o professor de Psicologia da Educação da Universidade Fe­­deral do Paraná (UFPR) Américo Walger avalia que a escola precisa ser mais rígida. "A educação está banalizada e virou uma brincadeira, um centro de recreação. O professor é chamado de ‘profe’ porque o ensino está pela metade. Nas profissões mais exigentes isso não ocorre. Ninguém chama um médico por apelido". Ele acredita que pensar na desmotivação do aluno como justificativa para a aprovação em massa é um erro que se reverte contra a escola. "A aprovação pelo conselho deveria ser uma exceção, mas se tornou a regra".

O vice-presidente do Sin­dicato das Escolas Particulares de Curitiba (Sinepe), Jacir Venturi, lembra que a existência do conselho de classe é garantida pela Lei de Diretrizes e Bases e que as escolas têm autonomia para definir as regras. Por isso, ele não acredita haver diferenças significativas entre particulares e públicas, mas diz que o conselho é soberano em sua decisão. "Muitas vezes é uma situação que só o professor viveu na sala de aula. Há alunos que não atingem a média esperada, mas seu esforço é maior do aqueles que tiram dez. Isso deve ser considerado". Para Venturi, o que tornou a escola mais tolerante foi a universalização do ensino. Antigamente havia menos repetentes, mas grande parte da população não ia além do ensino básico.

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