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A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre a crise hídrica foi alvo de críticas de especialistas e protesto de estudantes nesta terça-feira (17), durante um evento que discute o assunto na Unicamp, em Campinas (a 93 km de São Paulo). O Cantareira, principal sistema de abastecimento da região metropolitana de São Paulo e de Campinas, opera com duas cotas do volume morto desde o início do segundo semestre do ano passado. Por causa disso, a Sabesp teve que adotar a redução da pressão na rede para economizar água, o que gerou desabastecimento de parte de moradores da Grande São Paulo.

O engenheiro aposentado da Sabesp Darcy Brega criticou a atuação do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão do governo estadual, e da ANA (Agência Nacional de Águas), do governo federal, como gestores do Cantareira.

Segundo ele, os dois órgãos permitiram a exploração quase total do conjunto de represas. Agora, as previsões para 2015 são de agravamento da falta de água por causa das chuvas.

“O Daee e a ANA não fiscalizaram as regras de retirada de água que eles mesmos fixaram. Eles deviam cumprir com as medidas, e agora cobramos a responsabilidade [deles] sobre a gestão da água”, disse.

José Galizia Tundisi, professor da USP São Carlos, criticou a falta de governança durante a crise e pediu maior fiscalização sobre os recursos hídricos.

Com cartazes e hinos de protesto, um grupo de cerca de dez estudantes da universidade cobrou a responsabilidade do governador e da Sabesp na gestão da água no Estado.

“Não é brincadeira, Geraldo Alckmin secou minha torneira”, cantaram os manifestantes que, após o protesto, deixaram o centro de convenções sob aplauso dos cerca de 200 participantes.

A organização do evento informou que convidou o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, e o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, mas eles não puderam participar por causa de outros compromissos.

Braga foi representado por Rui Brasil Assis, coordenador de Recursos Hídricos da pasta, que negou mau uso do Cantareira e disse que a escassez de chuvas foi o principal fator para a crise.

“A falta de chuvas ocasionou os problemas. A operação do Cantareira vinha de forma regular, e as obras para redução da dependência das represas, como o sistema São Lourenço, estão em andamento”, afirmou.

O evento é organizado pela reitoria da Unicamp e busca dar a contribuição da instituição para a atual crise hídrica. Nesta quarta-feira (18), o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, deve participar dos debates. Especialistas estrangeiros também vão apresentar simulações para a recuperação do Cantareira.

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