Uma semana após o incêndio que destruiu o Prédio das Coleções do Instituto Butantã, na capital paulista, aumenta a esperança de que muitos exemplares importantes de cobras tenham escapado das chamas. Professores e alunos passaram os últimos dias resgatando o que puderam dos escombros. Milhares de espécimes foram recuperados do chão e de armários que não queimaram completamente. Alguns intactos, outros bastante danificados.
Isso, talvez, represente 5% da coleção original, que tinha próximo de 85 mil exemplares. O tamanho exato da perda só poderá ser calculado ao fim de uma triagem minuciosa, que levará meses para ser concluída. Mas sabe-se que algumas pérolas da coleção, ao menos, sobreviveram. Como um dos únicos espécimes de Corallus cropanii, uma serpente raríssima da Mata Atlântica, parente da jiboia, da qual há apenas quatro exemplares conhecidos no mundo: três na coleção do Butantã e uma, que foi doada para o Museu Americano de História Natural, em Nova York.
Outro bicho importante que escapou intacto do fogo foi o primeiro exemplar descrito (holótipo) de Bothrops alcatraz, ou jararaca-de-alcatrazes, que só existe numa ilha homônima do litoral norte paulista. Ele estava dentro de um armário fechado, do tipo compactador. A tampa do pote onde ele ficava guardado com álcool derreteu, mas o vidro não chegou a estourar.
Centenas de outros espécimes "tipo" (os mais importantes da coleção) que estavam no mesmo armário foram recuperados e agora estão armazenados em baldes e sacos, aguardando identificação. Entre eles está o espécime número 1.922, de Bothrops insularis, uma outra espécie rara de jararaca que só existe na Ilha de Queimada Grande, também no litoral norte paulista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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