Com a urbanização e consequente valorização dos imóveis, a favela do Parolin pode virar alvo de especulação imobiliária, que resultará na venda das novas casas entregues para as famílias reassentadas. O alerta é da arquiteta Madianita Nunes da Silva, professora e pesquisadora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo a pesquisadora, a administração pública deve criar mecanismos para inibir a venda ou a locação de imóveis oriundos de regularização fundiária. Sem isso, o beneficiado é tentado a se mudar para locais mais distantes, buscando uma nova área irregular para viver.
"É claro que a regularização representa cidadania e a população precisa estar próxima da metrópole. Mas é preciso ter medidas. O estado deve estabelecer instrumentos para evitar a especulação e fazer justiça social."
Madianita conta que a UFPR tem um estudo sobre o mercado imobiliário da grande Curitiba, que revela tendência de alta no preço da terra em todos os municípios da região metropolitana onde crescem as ocupações irregulares, o que gera dificuldade de acesso à moradia para a população de baixa renda.
Já o cientista social Luiz Felipe Thomaz, especialista em urbanismo e pesquisador do Observatório Imobiliário de Políticas de Solo (OIBSOLO), ligado ao Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ), lembra que o aluguel de imóveis na favela se tornou algo comum nos últimos anos. "Muita gente não sabe, mas morar na favela não é mais sinônimo de ter a sua casa."
O aumento das locações de barracos ocorre porque a taxa de rentabilidade do aluguel cobrado na favela é muito superior à conseguida com um imóvel normal. "Ela é de 4 a 5% na favela, enquanto um imóvel legal é bem menor, não chegando a 1%", diz Thomaz. O especialista trabalhou na pesquisa Infosolo (2006), sobre o mercado imobiliário no Brasil, feita em capitais como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
"A violência, a localização, a acessibilidade e o peso do transporte no trabalho, tudo tem influência direta na escolha do imóvel do morador de favela. Todo mundo quer sair de um lugar com muita violência", afirma Thomaz.
Cohab
Segundo a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab), os projetos de urbanização preveem a entrega do imóvel para as famílias reassentadas, obras de melhorias e ações sociais para geração de renda. Além disso, as pessoas beneficiadas são conscientizadas da importância de ter um imóvel regularizado.
Já o Ministério Público (MP) Estadual está monitorando todas as áreas ocupadas, de risco e de preservação ambiental existentes na região metropolitana de Curitiba. O MP enviou ofícios para as prefeituras do restante do estado, solicitando informações sobre o assunto.
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