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Planaltina do Paraná – As fazendas Santa Filomena e São Francisco, na divisa dos municípios de Guairaça, Planaltina do Paraná e Amaporã, no Noroeste do estado, são exemplos de que a aparente tranqüilidade verificada nos campos paranaenses em 2005 caminha junto a um clima de espera e apreensão. Há mais de um ano e meio acampadas nos 800 hectares da Santa Filomena, as 280 famílias do Movimento dos Sem-Terra (MST), mantêm a área sob vigilância o tempo todo, enquanto esperam pela tramitação do processo de desapropriação na Justiça.

Cruzar a porteira na entrada principal só é possível para as famílias dos acampados. Uma das coordenadoras do acampamento, Márcia Silveira, 46 anos, até concorda em conceder entrevista, porém do lado de fora da porteira e sem ser fotografada. Aos poucos ela revela que a Santa Filomena se tornou uma questão de honra para os sem-terra, principalmente em função do assassinato do integrante do grupo, Elias Gonçalves de Meura, ocorrido no confronto com seguranças da fazenda durante a ocupação, no dia 31 de julho de 2004. O crime ainda não foi elucidado.

Márcia diz que as famílias sobrevivem com uma cesta básica distribuída pelo governo federal a cada três meses, do trabalho esporádico como bóia-fria na região e do pedaço de terra de 2 hectares que cada família está cultivando na propriedade. Ao todo a fazenda mede em torno de 1.200 hectares. Segundo Márcia, o número não é exato porque existem vários lotes pequenos que foram comprados e anexados pelo fazendeiro Francisco Carvalho Gomes Filho. "Falta tudo por aqui, mas a gente tem que ter muita paciência para esperar debaixo da lona pela desapropriação", comenta. Ela acha que em 2006, por ser um ano de eleições estadual e nacional, a definição sobre a área poderá ser anunciada e com um final feliz para os acampados. "É o que esperamos para a gente começar a produzir", afirma.

Cinco quilômetros longe da Santa Filomena, está localizado o assentamento Milton Santos, implantado por conta própria pelo MST devido à demora do Incra em desapropriar a área da antiga fazenda São Francisco. Os 1200 hectares da fazenda foram divididos entre 96 famílias de sem-terra. Odete Rodrigues Morais é uma das assentadas. Ela diz que o grupo continua a espera da liberação dos documentos para ter condições de financiar a safra agrícola, máquinas e a construção das moradias, já que a maioria ainda vive sob barracos de lonas plásticas. A propriedade foi ocupada dia 21 de janeiro de 1999 e o processo de desapropriação também se arrasta na Justiça.

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