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O projeto que pretende construir a estacão central do Eixo Metropolitano no terreno onde hoje funciona a concessionária Slaviero, vizinho à Praça Eufrásio Correia, no centro da capital, nem saiu do papel e já é bombardeado pelos comerciantes da região e por órgãos da própria prefeitura. Reunidos numa associação batizada de "Amigos da Barão", os comerciantes argumentam que a implantação da estação vai pôr a perder todo o esforço feito para revitalizar a via desde 1995, quando os ônibus expressos tiveram o trajeto alterado da Barão do Rio Branco para a Travessa da Lapa.

"Toda essa área é tombada desde 1985 e esse terreno, embora ainda não o seja formalmente, é de interesse de preservação, por abrigar os trilhos e a garagem dos bondes que circulavam na cidade", explica a líder da associação, Eleonora Gomes, proprietária de um bistrô vizinho à área.

Eleonora conta ainda que as casas e sobrados históricos da via estavam todos condenados, com a estrutura comprometida pela trepidação incessante dos veículos, o que acabou resultando na degradação progressiva da região a partir dos anos 70. "Foi uma grande decisão da prefeitura tirar os ônibus daqui e recuperar a rua. Agora que a área começa a ter vida de novo, com a vinda de restaurantes, hotéis, escritórios e outros investimentos, o movimento do terminal pode voltar a comprometer as construções", diz. Segundo a empresária, o projeto é uma "incoerência": "é uma contradição revitalizar toda a rua, colocar cabos subterrâneos, nova iluminação, atrair a iniciativa privada e trazer os ônibus de novo."

A associação reconhece a necessidade do novo terminal, ressalta Eleonora, mas defende a preservação do patrimônio. Os comerciantes propõem uma alternativa para a instalação do terminal e para o aproveitamento do terreno, que já foi objeto de permuta com a Slaviero. "Consultamos vários arquitetos e urbanistas, e a melhor solução seria a instalação da estação no local onde hoje funciona a Rodoferroviária", conta Eleonora. "A rodoviária já não comporta o seu movimento, e o espaço seria ideal, até porque seriam necessárias poucas adaptações. E o dinheiro que a prefeitura investiria para a construção do novo terminal poderia ser aplicado numa nova rodoviária, mais próxima das marginais", acrescenta. Já o terreno da Slaviero poderia abrigar um complexo para atrair turistas, defende a empresária: "a garagem dos bondes poderia ser restaurada. Seria ideal para um mercado de flores, frutas, feira de artesanato e antigüidades, atrações para os turistas que circulam por essa área, que já conta com outros pontos de interesse."

Os comerciantes ainda têm o apoio da Coordenadoria do Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba, que acompanha de perto todo o processo. "Temos a percepção de que ali não seria o local mais adequado para a instalação de um terminal urbano", confirma a arquiteta Stefanie Freiberger, chefe interina da coordenadoria. "É uma questão bem delicada, que envolve bens e imóveis frágeis. Acreditamos que seria um retrocesso no projeto de recuperação da área, e que prejudicaria a revitalização que ocorreu com a retirada dos ônibus", completa.

O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luiz Henrique Fragomeni, comentou o assunto por meio da sua assessoria: "Nada vai ser feito sem um estudo detalhado, e sem ouvir as pessoas envolvidas. A associação e quem tiver interesse está convidado a ir ao Ippuc apresentar suas sugestões e comentários."

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