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Guardadores desrespeitam vagas especiais

Não só as 33 vagas regulamentadas são alvo de disputa entre os guardadores de carros e motoristas na Praça Carlos Gomes. Mesmo as vagas especiais – duas de carga e descarga, duas de permissão para estacionar por 15 minutos, duas para veículos da imprensa e uma para a viatura da Polícia Militar – são ocupadas por veículos estacionados pelos guardadores de carros.

Um flagrante era a vaga para carga e descarga exatamente em frente ao módulo da Polícia Militar. O revezamento de carros no local ontem à tarde parecia coisa normal, mesmo sendo o local permitido apenas para estacionamento de veículos de entrega. "As vagas têm que ser fiscalizadas pela Diretran", argumentava o policial do módulo sobre o porquê de não agir, mesmo com a cena exatamente em frente ao posto. O chefe do setor de Estacionamento Regulamentado da Urbs, Pedro Luiz Rosso, afirma que os agentes de trânsito passam em média quatro vezes por dia no local. Ontem eles passaram a manhã coordenando o trânsito na praça. Mas para tentar amenizar ainda mais as filas de carros e intensificar a fiscalização sobre o estacionamento irregular, a Diretran pretende realizar no local novas blitze junto com a Polícia Militar. A última foi feita em dezembro de 2005.

No próximo dia 23 de abril, a administradora de empresa Sirlene (prefere não ter o sobrenome revelado), 41 anos, e o guardador de carros Carlos Campanholi, 43 anos, vão se encontrar em uma audiência no Tribunal de Pequenas Causas de Curitiba. Na sexta-feira passada, os dois protagonizaram um desentendimento no estacionamento da Praça Carlos Gomes, no Centro, que terminou com a abertura de um Boletim de Ocorrência por parte de Sirlene contra Campanholi. Motivo: a disputa por uma das 33 vagas regulamentadas no local.

"Eles pensam que são donos da rua. Coagem as pessoas a pagar pelo estacionamento que é público e se você não pagar é ofendido", relata Sirlene, que afirma ter sido enxotada do local com palavrões pelo guardador. Campanholi se defende, dizendo que já estava no local esperando pela vaga quando Sirlene tentou ocupar o espaço. "Não ofendi ela em nenhum momento. Minha consciência está limpa", afirma.

Cenas como essa são comuns na Carlos Gomes. Os motoristas reclamam que se não dão dinheiro ou compram deles a folha do Estacionamento Regulamentado (Estar) de uma hora – cujo preço é de R$ 0,75, mas que na mão dos guardadores sobe para R$ 2,50 – são vítimas de xingamentos e ameaças. Não só eles reclamam.

A própria Diretoria de Trânsito (Diretran) é obrigada a reforçar a equipe para fiscalizar o local – no mínimo duplas. Isso porque, segundo o chefe do setor de Estar da Urbs (empresa que gerencia o trânsito na cidade), Pedro Luiz Rosso, os agentes são alvos constantes de agressões verbais no local, não apenas de guardadores, mas também dos próprios motoristas. "Enviamos o pessoal em equipes para evitar problemas", argumenta Rosso.

Um policial militar, que pediu para não ter o nome identificado e que trabalha no módulo da praça, confirma as desavenças. Entretanto, ele diz que são muito poucas as pessoas que procuram a polícia para reclamar da ação dos guardadores. "Elas dizem que não querem se incomodar. Dessa forma não há como fazer denúncia e abrir um Boletim de Ocorrência na delegacia", afirma. O soldado afirma que um guardador do grupo em específico gera mais trabalho ao policiamento.

Os guardadores se defendem. Alegam que não agem dessa forma. Entretanto, um dos cerca de dez flanelinhas que atua na praça e também não quer se identificar afirma que ultimamente alguns deles andam realmente se exaltando e manchando a imagem de quem trabalha no local.

Mesmo assim, a confiança por parte dos motoristas em alguns deles é tamanha que chegam a deixar a chave do próprio carro na mão dos guardadores, o que a Urbs não recomenda. Basta uma rápida olhada nos cintos de alguns, sempre carregados de molhos de chaves, para comprovar.

Campanholi afirma que os guardadores cumprem, de certa forma, o papel dos agentes orientando o trânsito. "Eles demoram muito para passar aqui. Se não fosse a gente, isso estava uma bagunça", disse, enquanto, com outros companheiros, tentava organizar uma fila de seis carros parados esperando vaga – nas duas horas em que a reportagem esteve no local, nenhum agente passou pela praça.

Ontem até o policial militar organizava o local, pedindo aos motoristas que retornassem, já que havia fila para estacionar no local. Rosso afirma que os horários dos agentes no local não são fixos, mas que eles passam de duas em duas horas pela Carlos Gomes.

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