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Barco no seco: Em Guaíra, canal que levava pescadores ao Rio Paraná virou barro | Osmar Nunes/Gazeta do Povo
Barco no seco: Em Guaíra, canal que levava pescadores ao Rio Paraná virou barro| Foto: Osmar Nunes/Gazeta do Povo

Os efeitos da seca no Oeste do Paraná vêm crescendo nos últimos meses. O Rio Paraná, um dos maiores do estado, vem tendo baixas na vazão e em alguns trechos deixou de ser navegável. Os problemas mais graves, porém, são para a agricultura. Lavouras de milho e feijão estão entre as mais afetadas. Por isso a preocupação em decretar emergência: os decretos permitem, entre outras coisas, o refinanciamento de dívidas agrícolas.

No Oeste, enquanto preparam os equipamentos de pesca para a próxima temporada, que começará em março, os pescadores de Guaíra veem com apreensão o baixo nível do Rio Paraná e do Lago de Itaipu. Eles temem conseqüências negativas no estoque pesqueiro da região. O presidente da Colônia de Pescadores Z-13, José Cirineu, diz que outro problema está nos canais onde os barcos ficam guardados. A maioria secou e os barcos ficaram com a estrutura comprometida.

No canal de acesso ao Lago de Itaipu, no ponto de pesca 63, distante cinco quilômetros de Guaíra, em torno de 50 barcos de madeira estão parados na terra seca ou na lama. Sem água, o casco apresenta rachaduras e os barcos terão de passar por reforma para retornarem ao rio. O pescador Isaias da Silva Laurentino ainda não calculou o prejuízo que terá com o conserto do barco. "O pior é que a gente está sem pescar e ainda precisa de dinheiro para arrumar o barco."

Mas a preocupação é maior com a queda no estoque pesqueiro. Segundo Cirineu, o nível baixo dificulta a desova dos peixes e forma lagoas que acabam secando e matando matrizes, principalmente no Lago de Itaipu. Em alguns pontos, o lago já recuou mais de 50 metros. Com isso, aumenta a quantidade de moluscos mortos, um dos alimentos preferidos de várias espécies de peixes. Somente em Guaíra são 358 famílias que dependem da pesca para sobreviver.

Previsão

No Paraná, o trimestre será caracterizado pela neutralidade, com chuvas irregulares no Oeste e mais intensas no Leste e Norte. Havia previsão também que o estado sofreria menos com os fenômenos La Niña – responsável por dias mais quentes – e El Niño. "No entanto, estamos observando que vamos sentir mais intensamente os efeitos do La Niña, com períodos de temperaturas altas e tempo seco no Oeste", adianta o meteorologista Reinaldo Kneib. "Frentes frias intensas sobre o oceano devem induzir a formação de nuvens de chuva sobre o Leste", complementa.

A ameaça de desabastecimento ou de racionamento de água não deve atingir o Paraná nos próximos meses, asseguram os especialistas. Tanto os reservatórios da Sanepar como da Copel estão com níveis considerados satisfatórios. Nas usinas do Rio Iguaçu, a média de acumulação nas represas ontem era de 69,8%, volume semelhante ao do reservatório da hidrelétrica de Foz do Areia, a mais importante das administradas pela Copel, com 67,92%. (FW, DP e ON)

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