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Detalhe da garrafa de whisky que foi vendida pelo equivalente a R$ 110 mil | Reprodução
Detalhe da garrafa de whisky que foi vendida pelo equivalente a R$ 110 mil| Foto: Reprodução

Brasília – A crise aérea completa 1 ano hoje sem uma solução para o principal problema que impede o bom funcionamento do setor: a deficiência do sistema de controle do tráfego aéreo. Apesar da situação de trabalho da categoria ter melhorado – controladores da área de defesa aérea foram convocados para reforçar a equipe que monitora a aviação comercial –, o sistema ainda não recebeu novos equipamentos e continua com insuficiência de pessoal treinado.

Além disso, as companhias aéreas atravessaram dois momentos distintos durante esse ano de crise. Nas semanas que se sucederam ao acidente com um Boeing da Gol e um jato Legacy que matou 154 pessoas, considerado o estopim da crise, as empresas foram vistas como vítimas da falta de investimento do governo em infra-estrutura, particularmente no controle de tráfego aéreo.

No entanto, com o decorrer da crise, as companhias aéreas saíram do papel de vítimas para serem percebidas também como vilãs do caos nos aeroportos. As diversas panes nos centros de controle (Cindacta), os fechamentos da pista de Congonhas por questões meteorológicas e, principalmente, a parada simultânea de seis aviões da TAM por problemas de manutenção na véspera do Natal mostraram que as companhias, em muitas ocasiões, não estavam preparadas para lidar com situações críticas.

Na opinião do consultor de aviação da Bain & Company, André Castellini, a imagem do setor foi arranhada porque virou sinônimo de transtorno, uma situação que demorará a ser revertida. "Há muitas medidas factíveis para melhorar esse quadro, mas apenas no médio e longo prazo", avalia.

Indenizações

Em quase um ano, a Gol indenizou apenas 32 famílias atingidas pelo acidente. O balanço das ações adotadas pela empresa aérea nos últimos meses foi divulgado ontem. De acordo com a Gol, todas as indenizações pagas asseguram aos 82 beneficiados a mesma renda que a vítima tinha quando morreu.

Hoje, parentes das pessoas mortas irão sobrevoar a região da queda em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Outro grupo irá participar de uma cerimônia oferecida pela Gol no Jardim Botânico de Brasília (DF). O translado será por conta da empresa.

O relatório final produzido pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico (Cenipa), sobre as causas do acidente vai apontar uma série de falhas humanas como os fatores determinantes para a tragédia que deixou 154 mortos no norte de Mato Grosso. Embora a investigação aeronáutica não fale em culpados, a conclusão lógica é de que a somatória de erros cometidos por controladores do Centro Integrado de de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo de Brasília (Cindacta-1) e pelos pilotos americanos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, levou à colisão das aeronaves em pleno vôo.

O documento, que está na fase de conclusões finais, descarta existência de falhas ou panes nos equipamentos de comunicação, no transponder (conjunto de antenas que estabelecem contato entre a aeronave e o radares em terra) e no sistema anticolisão (TCAS, na sigla em inglês) do jato. Os investigadores também não encontraram evidências de que a cobertura radar na área do acidente teve influência na tragédia, o que afasta a tese de "buraco negro" na zona de transição entre os centros de controle de vôo de Brasília e Manaus (Cindacta-4).

Em linguagem técnica, o relatório detalha ainda quais os "fatores contribuintes" para a colisão. Relata, por exemplo, que os pilotos americanos deixaram de tomar as providências devidas em caso de falha de comunicação, como digitar no transponder o código 7600.

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