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Entre as rodovias brasileiras em má conservação, a PR-468 entre Mamborê e Boa Esperança é considerada uma das piores do Paraná | Agência Estado
Entre as rodovias brasileiras em má conservação, a PR-468 entre Mamborê e Boa Esperança é considerada uma das piores do Paraná| Foto: Agência Estado

Enquanto o Ministério dos Transportes passa por uma crise, com denúncias de corrupção, su­­perfaturamento de obras e demissão de ministro e diretores do De­­partamento Nacional de In­­fraes­trutura e Transporte (Dnit), a situação das estradas brasileiras continua caótica, em um retrato do atraso no setor. Esburacadas, sem acostamento e, em sua maioria, sem asfalto, são um dos gargalos para que o país cresça em condições de competir com seus concorrentes entre os países emergentes.

Em 2010, do 1,5 milhão de qui­lô­metros de estradas brasileiras, apenas 212 mil quilômetros, ou 13%, eram pavimentados, de acordo com o Dnit. Os outros 87% não têm pavimentação alguma.

Uma pesquisa feita ano passado pelo instituto de logística Ilos, com cerca de 15 mil profissionais de logística das maiores empresas do Brasil, revelou que 92% deles apontaram a má conservação das estradas como o principal problema de infraestrutura do país. A malha rodoviária insuficiente foi citada por 68% dos entrevistados. A duplicação da BR-101, assim como as dragagens portuárias, são os projetos da primeira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo o Ilos, para que as estradas atuais sejam avaliadas como boas ou ótimas, é preciso investir R$ 64,7 bilhões em recuperação e R$ 747 bilhões em pavimentação das estradas já existentes. A soma, que chega a R$ 811 bilhões, é 19 vezes maior que os R$ 43,5 bilhões previstos no PAC 1, de acordo com o instituto.

O estudo do Ilos mostra que, em relação à quantidade de quilômetros pavimentados em estradas, o Brasil está muito atrás da maioria dos outros países que compõem o bloco de emergentes Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A Índia, por exemplo, cuja ex­tensão territorial representa 35% da brasileira, tem 1,5 milhão de quilômetros de rodovias pavimentados.

"No Brasil, a primeira estrada pavimentada foi a rodovia Presi­dente Dutra, em 1950. Os outros países começaram a investir antes, no século 19. A outra razão é que, até 1974, o governo investia de forma crescente em rodovias. Em 1974, os investimentos chegaram a 1,8% do PIB. Ano passado, o investimento foi de apenas 0,8% do PIB", explica o presidente do Instituto Ilos e professor da Coppead-UFRJ, Paulo Fleury.

A qualidade das rodovias brasileiras também deixa muito a desejar. Apesar de a última pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) — feita em 90 mil quilômetros de rodovias no ano passado — apontar que aumentou o índice de rodovias com estado geral considerado ótimo ou bom, na comparação com 2009, o porcentual de vias ruins ou péssimas chega a 25%.

Segundo a CNT, na Região Norte do Brasil, 55% das estradas são consideradas ruins ou péssimas."É muito buraco, estradas sem acostamento. A situação está de ruim a pior. Na BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, tem crateras", assinala o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários da Região Norte, Manoel Farias Rodrigues.

O Ministério dos Transportes alega que o investimento no sistema rodoviário tem aumentado anualmente e que, em 2010, investiu R$ 11 bilhões no setor. Até junho, foram aplicados R$ 4,4 bilhões, e a previsão é de que mais R$ 13 bilhões sejam gastos.

Segundo o Dnit, cerca de 4,1 mil quilômetros de rodovias federais estão sendo pavimentadas e 915 quilômetros passam por duplicação. Além disso, 27 mil quilômetros estão sendo recuperadas e 32 mil quilômetros serão recuperados até 2012.

O vice-presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Ralph Lima Terra, diz que o governo tem investido mais, mas que as melhorias ocorrem em ritmo inferior ao necessário. "Precisamos acelerar o processo de concessão das rodovias brasileiras e intensificar a aplicação de recursos nas estradas que existem e que não são administradas por concessionárias", diz.

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