Estudantes que buscam firmar novos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) enfrentam uma odisseia para conseguir finalizar as etapas de inscrição. O SisFies, sistema informatizado do Fundo, aceitará cadastros feitos até o dia 30 de abril, porém muitos estudantes estão com problemas para concluir o cadastro.
O entrave mais mencionado por estudantes é o temido “Erro M321”, que aparece na “etapa três” do cadastro, na qual o candidato deve informar o curso, a instituição e o local onde está matriculado, além dos termos relacionados ao financiamento. O aviso diz: “Limite de vagas para esse Campus/IES esgotado”, no entanto, ao contatar as universidades, os estudantes são informados de que há vagas, sim.
Faculdades particulares informam que continuam realizando matrículas
A Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades (Abrafi) enviou uma nota esclarecendo que as faculdades e universidades particulares vinculadas à instituição estão realizando normalmente as matrículas de todos os seus alunos para o primeiro semestre do ano letivo de 2015, “inclusive daqueles que optaram pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies)”.
Segundo a Abrafi, os problemas iniciaram no final de 2014, quando o sistema Sisfies passou a estar inoperante, permanecendo inacessível durante vários dias no começo de 2015 e ainda apresentando inúmeros problemas para aqueles que tentam acessá-lo. “Os problemas acontecem tanto para os alunos que estão acessando o financiamento pela primeira vez, quanto os que precisam renovar seus contratos para voltar às salas de aula”, informa a associação.
A entidade informa ainda que o sistema Sisfies tem ficado frequentemente fora do ar e sofrido instabilidades e lentidão, recusado pedidos de financiamento sem explicação e apresentado mensagens de erro de difícil compreensão para os estudantes.
“O resultado disto é que o acesso ao financiamento oficial do governo para milhares de alunos está limitado”, diz o comunicado.
É o caso de Luiz Ramos, de 24 anos, calouro do curso de Engenharia Elétrica na Universidade Positivo (UP). Ele tenta há mais de cinco dias concluir o cadastro do SisFies sem sucesso porque não consegue passar a etapa três. “Há muitas especulações, tem gente dizendo que as faculdades realmente estouraram o limite de vagas, mas sei de pessoas que conseguiram depois de insistir”, conta.
MEC atrasou repasses do FIes às faculdades privadas
Ao procurar a universidade para tentar solucionar o problema, recebeu uma resposta vaga. A UP o informou que o problema é um erro operacional do SisFies para todas as unidades cadastradas e recomendou que ele continuasse tentando fazer a inscrição. “Posso esperar mais um pouco pois a próxima mensalidade vence dia 20, mas se até lá não conseguir, vou ter que desistir da faculdade”, lamenta.
Outro problema bastante relatado por estudantes que tentam concluir o cadastro no SisFies é o M315, da última etapa. O aviso diz: “Limite financeiro da instituição de ensino está esgotado”, e informa que irá encaminhar uma mensagem SMS quando a instituição de ensino disponibilizar um novo limite financeiro.
O estudante Felipe Martins, da Universidade Federal da Paraíba, deparou-se com o aviso quando realizava a sua inscrição e entrou em contato com o MEC para esclarecimentos. Foi informado de que a adesão ao Fies é ato facultativo da mantenedora, sendo o limite financeiro estipulado pela própria instituição de ensino superior.
“Caso a faculdade escolhida pelo candidato opte por impor limite de valor, toda inscrição é submetida à limitação financeira registrada no Termo de Adesão da Mantenedora da IES ao Fies. Nesse caso, o estudante deverá ser orientado a verificar a possibilidade de aumento do limite financeiro junto à Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento”, dizia a mensagem.
Outro lado
A Gazeta do Povo entrou em contato com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Via e-mail, o órgão respondeu que as causas das mensagens de erro específicas serão apuradas pela área técnica.
Alguns estudantes foram avisados de que o valor da semestralidade informado excedia o valor passível de financiamento. “Minha semestralidade é uma das menores, de R$ 3.780, mas na CPSA dissera que o valor excedeu e o governo liberou apenas R$ 2,9 mil. Agora tenho que recomeçar todo o cadastro para corrigir o valor de acordo com o que pode ser financiado”, queixou-se um internauta em um grupo do Facebook em que são redigidas reclamações contra o sistema de cadastramento do Fies.
A estudante Ioná Rôxo, de Salvador, também recebeu essa mensagem. Ao procurar a universidade, foi informada de que dos 75% de financiamento, o Fies teria coberto apenas 53% e a diferença deveria ser paga por ela. “Ou isso, ou eu deveria cancelar uma disciplina”, escreveu.
Entre tantas reclamações, há quem tenha conseguido finalizar o cadastro, como Luciane Ferreira, moradora de Cachoeirinha, Rio Grande do Sul. Ela conta que só conseguiu depois de passar por todos os erros citados acima. “Os piores foram os da terceira e da última etapa. Eu reclamava no 0800 do MEC e era orientada a anotar o protocolo, mas não resolviam nada. Fiquei tentando por dez dias, é um absurdo”, relatou.
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