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Há 15 dias a estudante Andréia Cristina de Brito descobriu um endereço que deve permanecer por muito tempo na programação dos fins de semana. Não se trata de espaço de lazer ou salão de beleza. Andréia quer mesmo é estudar. Para isso, ela sai praticamente todos os domingos do bairro Novo Mundo, onde mora, para ir ao Prado Velho. É ali, na biblioteca de uma universidade particular, que ela gasta as energias do domingo para pôr em dia as tarefas do curso de Enfermagem. "Estudo em uma escola pública, que não tem muitos recursos. Por isso venho aqui, para consultar livros que não posso comprar e também para acessar a internet, já que não tenho computador em casa", diz.

A estudante é beneficiada pela iniciativa de algumas instituições de ensino, que decidiram abrir as portas também nos fins de semana, para que a comunidade externa possa usufruir do acervo de livros e do acesso gratuito à internet. Na Universidade Pontifícia Católica do Paraná (PUCPR), por exemplo, alguns serviços estão disponíveis à população em geral desde o mês de maio. No local, qualquer pessoa pode usar de graça um dos 12 computadores disponíveis e também consultar o acervo de livros. Em torno de 300 usuários, por domingo, costumam passar pela biblioteca, segundo levantamento feito pela administração da universidade. Deste total, 30% é da comunidade externa. "Às vezes vem toda a família, como se fosse um programa de fim de semana. Por causa da grande procura, pretendemos ampliar as atividades, com a exibição de teatros e filmes", explica o diretor de apoio acadêmico da PUCPR, Sérgio de Angelis. Ele afirma que já está em estudo a possibilidade de abrir outros setores da universidade para serem usados pela comunidade, como os laboratórios de informática, que têm 60 computadores cada. "É um sonho antigo que estamos realizando. Entendemos que a biblioteca é um patrimônio da população e, quando é aberta a todos, a universidade desempenha seu papel social", destaca.

A reportagem entrou em contato com oito universidades da capital, entre as mais conhecidas da cidade. Apenas três delas oferecem acesso gratuito à internet para a população externa, além da possibilidade de freqüentar a biblioteca. Outras três permitem à comunidade fazer pesquisas no local, mas não liberam o uso de computadores. E duas não oferecem nenhum dos dois serviços para quem não é da instituição (confira tabela ao lado).

Os usuários contam ainda com a rede de Faróis do Saber. Doze dos 44 instalados abrem aos fins de semana. Segundo a coordenadora do programa Comunidade Escola, da prefeitura de Curitiba, Liliane Casagrande Sabbag, do dia 10 de fevereiro deste ano até o fim do mês de maio, 222 pessoas fizeram o cadastro para acessar a internet nos fins de semana. No mesmo período, aos sábados e domingos foram contabilizados 655 horas de uso da internet e 1,7 mil livros emprestados. "Nosso maior número é de pesquisas com livros no local. Foram registrados 4,8 mil usuários nos 12 faróis, durante esses quatro meses", diz.

A escultora Neuza Guerra, 63 anos, é uma das usuárias assíduas nos fins de semana de um dos Faróis do Saber. Ela deixou o Rio de Janeiro em dezembro do ano passado e nunca cogitou a idéia de ter um computador em casa. "Sempre tive um relativo conforto para usar a internet disponível nos Faróis. Além disso, aproveito para ler o jornal e emprestar livros de arte. Sempre existe uma boa obra para ler", afirma. Como os filhos e netos moram longe, ela consegue colocar em dia a conversa com a família pelo computador. "Demorei muito para aceitar a internet na minha vida. Hoje, sou namorada do mundo virtual", brinca Neuza.

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