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Curitiba é a capital com maior número de crimes contra a vida proporcionalmente ao número de habitantes, de acordo com a pesquisa "Análise das Ocorrências Registradas pelas Polícias Civis", divulgada ontem pelo Ministério da Justiça. Segundo o documento, em 2005, Curitiba teve 2.108 registros de homicídios dolosos (com intenção de matar), lesões corporais e roubos seguidos de morte e óbitos a esclarecer. São 120 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes. Além de ser o maior índice entre as capitais brasileiras, é a terceira maior taxa entre todas as cidades do país com população superior a 100 mil moradores.

No grupo das cinco cidades com maior incidência de crimes contra a vida, outras duas são paranaenses: Foz do Iguaçu (4.ª) e São José dos Pinhais (5.ª). Na média, o Paraná é o terceiro estado com maior número de ocorrências, atrás do Rio de Janeiro e Pernambuco.

São José dos Pinhais, o maior município da região metropolitana de Curitiba, também se destaca por outro indicador. É a cidade brasileira que mais registrou casos de estupro proporcionalmente à população. Foram 83 casos em 2005, em uma média de 66 ocorrências para cada 100 mil habitantes.

Em outras categorias, o Paraná teve menos ocorrências do que a média nacional. Nos crimes contra o patrimônio, registrou 369 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, contra 512 na média nacional. Em Delitos de Trânsito, o estado teve uma das mais baixas médias do país: foram 44 casos por grupo de 100 mil habitantes, contra 175 na média nacional.

A divulgação dos dados causou reações. No Paraná, o secretário Luiz Fernando Delazari informou, por meio da assessoria de imprensa, que não comentaria o estudo do Ministério. A reportagem da Gazeta do Povo chegou a enviar por e-mail uma relação com sete perguntas sobre o tema. Mas no lugar das respostas veio apenas a informação de que um pronunciamento oficial deve ser feito hoje pelo secretário. A assessoria de imprensa informou ainda que, em princípio, os números da Secretaria Nacional de Segurança Pública não batem com os da Sesp. Ontem, o governo carioca também informou que haveria erros nos números.

Falhas

Especialistas em segurança pública apontaram falhas no estudo. "Não se pode tirar o valor desse trabalho. Mas foi feita uma opção metodológica que não me agrada. Números oriundos de delegacias de polícia são sempre complicados. Além disso, cada estado acaba usando um tipo de controle diferente, e unificar essas informações não é fácil", diz o diretor-executivo da ONG Sou da Paz, Dênis Mizne.

Segundo ele, algumas informações batem com dados conhecidos anteriormente. "Essa informação que coloca o Rio e Pernambuco como os que têm maior ocorrência de crimes contra a vida vai ao encontro do que já sabíamos. Mas outras coisas chamam a atenção, como o fato de Curitiba ser uma cidade em que se mata mais que no Recife", ressalta.

Para Mizne, esses dados podem ajudar o Paraná a pensar em políticas de segurança pública adequadas para combater homicídios. "De repente, o paranaense tinha a percepção de que vivia em um dos estados mais seguros do Brasil e isso mudou. Agora isso pode orientar a polícia a combater melhor esse tipo de crime."

Para o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol), Luiz Alberto Cartaxo Moura, o Paraná tem apresentado melhorias no seu sistema de registro de ocorrências e isso poderia explicar os altos índices de crimes contra a vida. "Em outros estados, os sistemas de notificação podem não ser tão bons." Cartaxo, que foi delegado-chefe da Homicídios de Curitiba entre 2005 e o início de 2006, admite, no entanto, que houve um aumento no número de assassinatos. "Mas para mim foi algo proporcional ao crescimento da população."

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