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A cada ano, 275 milhões de crianças testemunham atos violentos na família, 126 milhões trabalham em atividades de risco e 140 milhões de meninas sofrem mutilação genital. Este é o resultado do primeiro estudo global sobre violência infantil realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), coordenado pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

A pesquisa de três anos revela que a violência contra crianças "está presente em todos os lugares", da família à escola, passando pela comunidade, orfanatos, centros de reabilitação e no ambiente de trabalho.

Invisível

O relatório revela que existem formas de violência "escondidas" ou "invisíveis" contra as crianças e que ocorrem sobretudo na família ou nas instituições que, paradoxalmente, têm a incumbência de protegê-las e sobre as quais existem poucas estatísticas. Na família, as crianças costumam sofrer diversas agressões – violência física, verbal, humilhações ou ameaças – encobertas por justificativas disciplinares. No caso dos abusos sexuais, costumam ser cometidos por algum membro da família ou por pessoas próximas.

A escola também é um ambiente violento para a criança, como revela outra pesquisa feita em 16 países em desenvolvimento. Entre 20% e 65% dos estudantes, dependendo dos países, foram alvo de intimidação física ou verbal nos 30 dias prévios à consulta. O relatório revelou ainda que das 218 milhões de crianças que trabalham no mundo, 126 milhões fazem tarefas perigosas, 5,7 milhões delas em regime de escravidão por contração de dívidas, 1,8 milhão se prostituem ou são exploradas sexualmente e 1,2 milhão caíram nas redes do tráfico de seres humanos.

Encomendado em 2003 pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o estudo de Pinheiro representa a primeira tentativa de desenvolver uma estimativa global sobre a diversidade das formas de violência contra as crianças no mundo. O relatório será apresentado oficialmente à Assembléia Geral da ONU no próximo dia 12 de outubro, Dia da Criança. (MK)

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