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Paula Lima solta a voz na capital, nesta terça | Divulgação/Angélica Fenley Belich Assessoria em Comunicação
Paula Lima solta a voz na capital, nesta terça| Foto: Divulgação/Angélica Fenley Belich Assessoria em Comunicação

O volume de lixo reciclável recolhido em Curitiba pelo programa Lixo que não é Lixo, da prefeitura, caiu pela metade nos últimos sete anos. É o que mostra uma pesquisa da Associação Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), que mapeou os índices de coleta seletiva no Brasil. Em 1999, a capital ecológica recolheu 2,3 mil toneladas por mês de material reciclável. No ano passado, foram 1.140 toneladas/mês.

O diretor-executivo da Cempre, André Vilhena, explica que os números referem-se apenas à coleta seletiva formal, ou seja, aquela realizada pelo caminhão do Lixo que não é Lixo. A queda na coleta em Curitiba é explicada pelo que ele chama de "desbaste na fonte", por conta da concorrência com os catadores.

Como geralmente o caminhão da prefeitura passa apenas uma vez por semana na maioria dos bairros, os curitibanos andam sem paciência para guardar o lixo reciclável até o dia em que ele aparece. Por isso é mais simples e eficiente deixar o material reciclável para os carrinheiros, que passam todos os dias e em vários horários.

"O caminhão passa apenas um dia. Então, separamos todo o lixo e o carrinheiro que passar, pega", afirma o síndico de um edifício de 15 andares no Cristo Rei, José Pereira. No ano passado, estima-se que os cerca de 5 mil catadores curitibanos recolheram em média 16.975 toneladas ao mês, o equivalente a 93% do volume total de lixo reciclável que é recolhido na capital paranaense.

Mesmo assim, para o procurador de Justiça Saint-Clair Honorato Santos, coordenador do Centro de Apoio das Promotorias de Proteção do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, a pesquisa apresentada pela Cempre é preocupante. "Está acontecendo um abandono da coleta seletiva formal pela prefeitura", opina.

Um das conseqüências do abandono apontado pode vir a ser o relaxamento da população na separação do lixo. Com problemas na coleta formal, já há quem tenha desistido do programa. "O caminhão demora e não há como armazenarmos todo o lixo. Os catadores causam transtornos ao trânsito e, por vezes, são mal-educados com os moradores. Por isso não separamos mais", afirma o administrador de um condomínio do Centro da cidade, que prefere não se identificar.

Procurada pela reportagem, a prefeitura apresentou dados diferentes da pesquisa da Cempre. Segundo os números oficiais, a coleta seletiva formal na capital vem aumentando gradativamente, depois de ligeiras quedas entre 2000 e 2003. Ao contrário da pesquisa da entidade nacional, os dados da prefeitura mostram que, no ano passado, os curitibanos recolheram mais lixo reciclável do que nos dois anos anteriores, em resposta ao relançamento da campanha "Lixo que não é Lixo", feito em 2006.

"A população continua separando e a coleta do caminhão da prefeitura está melhor, pois foi ampliada. Em alguns setores da cidade, principalmente no Centro, onde há mais demanda, o caminhão passa agora até três vezes por semana", rebate o secretário municipal do Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto.

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