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Um grupo da Universidade Yale (Estados Unidos), com a participação de dois cientistas brasileiros, desvendou o funcionamento do processo molecular responsável pela transformação da indesejável gordura branca em gordura marrom - que dissipa a energia em forma de calor, favorecendo o emagrecimento. O estudo, publicado na revista científica Cell, confirmou que o processo é controlado pelo cérebro.

Em 2012, pesquisa havia descoberto que é possível transformar a gordura branca do organismo - considerada “ruim”, por acumular energia no corpo, levando à obesidade - em gordura marrom. O achado foi considerado importante para o desenvolvimento de tratamentos contra a obesidade, mas para isso faltava entender como o organismo comanda esse mecanismo biológico conhecido como “escurecimento de gordura”.

Agora, interferindo no cérebro de camundongos, com métodos biotecnológicos, os cientistas conseguiram estimular o processo de “escurecimento”, protegendo os animais da obesidade, mesmo quando submetidos a uma dieta gordurosa.

Segundo um dos autores do estudo, o gaúcho Marcelo Dietrich, professor de Medicina Comparativa e Neurobiologia de Yale, a pesquisa demonstrou que os mesmos neurônios que controlam a fome e o apetite no cérebro são responsáveis pelo “escurecimento” da gordura. “Desde a década de 80, acreditava-se que os neurônios AgRP estavam exclusivamente envolvidos com a regulação da fome. Mas nós suspeitávamos que eles tinham funções mais amplas e resolvemos investigar.”

Para estudar as funções do neurônio AgRP, Dietrich precisou desenvolver um avanço tecnológico capaz de ativá-lo e desativá-lo quando fosse preciso. Para isso, criou camundongos transgênicos que têm receptores de capsaicina - o princípio ativo da pimenta - nos neurônios AgRP, onde tais receptores não existem originalmente.

“Assim, basta injetar a capsaicina no animal para ativar aqueles neurônios. É praticamente uma técnica ‘wireless’, que permite injetar uma substância no tecido para ativar um grupo específico de células no cérebro.”

Com a injeção, segundo Dietrich, os neurônios AgRP são ativados e o animal reage como se tivesse sido submetido a um jejum: a fome aumenta, a temperatura corporal cai e - como o organismo percebe a necessidade de acumular energia - o processo de “escurecimento” da gordura é detido. Os animais começaram a engordar. “Com isso, identificamos a rota cerebral para a perda de peso.”

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