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Refrigerantes e energéticos estão na mira da FDA | sxc.hu
Refrigerantes e energéticos estão na mira da FDA| Foto: sxc.hu

A FDA (Food and Drug Administration), agência que regula alimentos e remédios nos Estados Unidos, anunciou ontem que vai investigar produtos alimentícios com adição de cafeína no país. A medida, que deve abranger não só refrigerantes e energéticos, mas também guloseimas como chocolates, balas e até chicletes, vai analisar os impactos da substância na saúde de crianças e adolescentes, seus principais consumidores.

O monitoramento foi divulgado após o lançamento, nos Estados Unidos, de uma goma de mascar que concentra a mesma quantidade de cafeína presente em meia xícara de café, a "Wrigley". Segundo a FDA, o consumo máximo de cafeína por adulto não deve ultrapassar 400 miligramas por dia. Quando o assunto são as crianças, ainda não há uma quantidade estabelecida. Em geral, ainda se considera que a ingestão máxima diária deva ser menor que a indicada para um adulto.

Efeitos

Toda esta preocupação quanto ao consumo da subs­tância pelo público mais jovem é legítima, ava­lia o endocrinologista Hen­rique Suplicy, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Me­ta­bologia (SBEM). "A cafeína é um produto que aumenta a frequência cardíaca, causa excitação, insônia e, em doses excessivas, também ser usada para o emagrecimento", explica.

Outros efeitos da substância que podem atingir crianças e adolescentes, acrescenta o médico, são manifestações de ansiedade e aumento da pressão arterial. A dependência também aparece entre os riscos da ingestão em excesso de cafeína, já considerada um tipo de droga em razão de seus efeitos nocivos. "Tem pessoas que ficam ‘viciadas’. Hoje, temos crianças que não tomam água, só querem refrigerantes", exemplifica Suplicy. Ele pondera que cafeína demais ainda pode ser prejudicial à outra faixa etária – a dos idosos.

A endocrinologista Ro­sângela Réa, do Ser­vi­ço de Endocrinologia e Me­ta­bologia do Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba diz que o consumo excessivo de produtos com cafeína pode desencadear irritabilidade e dores de cabeça entre crianças e adolescentes. "Mais de três latinhas de refrigerante por dia já afetam o desempenho da criança na escola. O ideal é que haja substituição por sucos sem concentração de açúcar, para não termos outro problema, o da obesidade. Até os 2 anos de idade, a preocupação deve ser maior ainda", defende.

Alimentos com adição de cafeína, sinaliza Rosângela, podem ser consumidos eventualmente, mas devem ser evitados. "Esse consumo está ocorrendo em excesso e cada vez mais precocemente", pontua a médica.

Limite

Apesar de ainda não haver no Brasil um padrão quanto ao limite de cafeína que pode ser ingerido por crianças, o presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Gilberto Pascolat, explica que normas canadenses já apresentam um volume que pode ser seguido. "De 4 a 6 anos, seriam 45 miligramas no máximo por dia, e 85 miligramas acima dos 10 anos de idade. Isso representa uma xícara de café", estima. Pascolat alerta que o cuidado com as doses precisa ser redobrado quando se tem muitas fontes de cafeína. Para ele, as bebidas energéticas estão entre os produtos mais perigosos. "A concentração de cafeína é muito alta. Em geral, quando o adolescente consome um energético, ele está em uma festa, com amigos, e acaba não tendo muito controle desta ingestão."

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