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Turnowski teria informado um inspetor suspeito de ligações com milícias sobre uma operação da PF | Paulo Botelho
Turnowski teria informado um inspetor suspeito de ligações com milícias sobre uma operação da PF| Foto: Paulo Botelho

O delegado e ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro Allan Turnowski foi indiciado ontem pela Polícia Federal (PF) por violação de sigilo funcional. Ele é acusado de passar informações sobre uma investigação da PF para o inspetor Christiano Gaspar Fernandes, que estava sob monitoramento telefônico e que foi preso durante a Operação Guilhotina, na sexta-feira.

Assessores e policiais próximos a Turnowski, entre eles o ex-subchefe de Polícia Civil Carlos Oliveira, também foram presos sob suspeita de vender armas e drogas para traficantes, comandar milícias em comunidades carentes e proteger quadrilhas que exploram máquinas caça-níqueis.

O delegado prestou depoimento na superintendência da PF no dia da operação. Diante das suspeitas de seu envolvimento com as quadrilhas formadas pelos policiais, Turnowski acabou exonerado do cargo na terça-feira.

Milícias

Durante a gestão de Turnowski como chefe da Polícia Civil do Rio, a milícia formada por policiais com influência na cúpula da instituição foi o primeiro grupo paramilitar a usar a estrutura do estado, em operações policiais oficiais, para tentar eliminar traficantes de favelas e estabelecer a atuação dos grupos paramilitares. A constatação é do delegado Alexandre Capote, da Delegacia de Repressão às Atividades Criminosas (Draco).

"Antes, o miliciano usava isoladamente a arma e o distintivo do estado para se estabelecer em uma comunidade. Ainda não tínhamos registro de uma milícia capaz de usar o aparato do estado para tomar uma favela", disse o delegado. Segundo ele, a promiscuidade entre milicianos e traficantes já não era novidade. Em dezembro de 2010, em uma operação comandada por ele, a Draco desarticulou uma milícia que atuava em Duque de Caxias, ligada ao vereador Jonas Gonçalves da Silva, que também foi preso. Na ocasião, a investigação constatou que a quadrilha vendia rotineiramente armas para traficantes do Complexo do Alemão.O uso do aparato bélico do estado para tomar favelas também não era inédito. Desde 2007, a ONG Justiça Global denuncia que policiais alugam blindados para diferentes facções de traficantes nas invasões para tomar "bocas de fumo" de quadrilhas rivais. Foi o caso da invasão à Vila dos Pinheiros por traficantes da Baixa do Sapateiro, no Complexo da Maré, em maio de 2009. De acordo com a denúncia entregue à Secretaria de Segurança Pública, os criminosos alugaram o blindado por até R$ 120 mil.

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