• Carregando...

Telêmaco Borba

Lista de detidos inclui secretário e engenheira

As informações divulgadas pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) incluem entre os 19 detidos durante os oito meses de investigação o secretário municipal de Meio Ambiente de Telêmaco Borba, Luiz Carlos Pinheiro, e a engenheira da prefeitura, Sônia Aparecida Castanho. Eles foram acusados pelo corte de pinheiros em uma praça da cidade, nos Campos Gerais.

Em comunicado oficial, a prefeitura rechaça a participação dos funcionários em qualquer irregularidade. A administração teria seguido todos os trâmites legais para conseguir a autorização de corte de araucárias que estariam doentes ou mortas, com base em laudos científicos. A prefeitura protocolou defesas judiciais e administrativas contra o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Alega ainda que Sônia sequer participou do processo de pedido de licenciamento e que o secretário não foi detido – apenas foi à delegacia prestar depoimento. Procurada, a Secretaria de Estado de Segurança Pública não se pronunciou sobre o caso. (KB)

Ponta Grossa – A ex-chefe regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Ponta Grossa, Elma Romanó, prestou depoimento na tarde de ontem sobre as acusações de venda de licenças ambientais para o corte de araucárias. O escrivão Edílson Magalhães Pinto foi até o Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul (região de Curitiba), onde Elma está internada desde terça-feira, para ouvir que ela confirma tudo o que já havia dito em depoimentos anteriores: que foi ela própria quem denunciou os casos de autorizações ilegais e que não tem ligação com o esquema. Oito pessoas foram presas anteontem acusadas de ganhar R$ 8 milhões com o corte irregular de 36 mil pinheiros.

Como também há um mandado de prisão contra ela, um policial faz plantão na porta do quarto. O advogado de defesa, Dálio Zippin Filho, conta que ela teve uma crise nervosa, agravada por problemas cardíacos e de hipertensão. "Não é de hoje que ela está de licença médica. Ela continuou recebendo ameaças", diz. A ex-chefe está afastada para tratamento de saúde há dois meses. "Ela deve ficar uns dez dias internada, mas o médico não deu previsão de alta", acrescenta. O delegado responsável pelo caso, Francisco Caricati, informou que irá pedir uma avaliação médica. No domingo, vence o pedido de prisão temporária, que pode ser prorrogada ou levar a um pedido de prisão preventiva.

Pai da servidora pública, Joaquim Adão Hugo de Lima acompanha Elma no hospital. "Como pai, eu sou suspeito. Mas tenho orgulho da minha filha porque como funcionária pública ela é modelo de atuação. Não sei como isso se virou contra ela, mas um dia será esclarecido", acredita. Ele reforça que os policiais foram cordiais, respeitando as condições de saúde da filha e que o governo estadual sempre apoiou publicamente a conduta de Elma. "Essa prisão é um prêmio que ela está ganhando por não concordar com nenhum tipo de corrupção", lamentou.

"Não acredito em armação do governo. Ela tem o perfil de durona e incorruptível, e com isso arranjou um monte de inimigos, com poder econômico", destaca Zappin, alegando que os acusados de participar do esquema é que decidiram envolver Elma para prejudicá-la. Elma comunicou ao Ministério Público, à Polícia Federal e à Ouvidoria do Estado os casos de irregularidades nas licenças ambientais. "Ela não fazia denúncias anônimas. Ela colocava o nome dela lá e está respondendo processos por isso", relata o advogado, em referência ao projeto de lei aprovado na Assembléia Legislativa, proibindo denúncias anônimas.

Elma foi designada para assumir a chefia regional do IAP em Ponta Grossa em 2004 para apurar denúncias de corrupção. As investigações coordenadas por ela resultaram em uma exoneração e outras punições a servidores. Em maio, na mesma época em que pediu afastamento do IAP, Elma entregou à Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público uma denúncia alegando que funcionários do Instituto falsificaram informações de processos internos e até sua assinatura. Em carta enviada pela ex-chefe ao IAP, em junho, ela pede exoneração do cargo, relatando que fez denúncias que não avançaram e que a falta de pessoal, reclamada diversas vezes, comprometia seu trabalho. Ela recebia diversas ameaças e tinha de trabalhar com colete à prova de balas.

A operação que levou oito pessoas à prisão investigou o desmate irregular de uma área equivalente a 1,5 mil campos de futebol nas cidades de Jaguariaíva, Castro, Ponta Grossa, Ipiranga, Imbituva, Palmeira e São João do Triunfo. Entre os envolvidos detidos estão funcionários do IAP, madeireiros e proprietários rurais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]