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Em 2001, Anderson Marcos Batista, 25 anos, deixou a Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), onde cumpria medidas socioeducativas por roubo. Ele teria passado a extorquir dinheiro do padre Júlio Lancellotti, 58 anos. Anderson ameaçou ir à imprensa acusar o padre de abuso sexual contra seu enteado, de 8 anos.

No período de três anos, Lancellotti teria repassado R$ 150 mil a Anderson, sendo parte em pagamentos de prestações da compra de uma Mitsubishi Pajero. Para o advogado de Anderson, Nelson Bernardo da Costa, a quantia é bem maior – entre R$ 600 mil e R$ 700 mil, em oito anos. Desde 2004, o ex-interno da Febem movimentou mais de R$ 200 mil para comprar carros de luxo e imóveis. Ele é dono de uma pequena pensão e de um sobrado na zona leste de São Paulo.

Em agosto deste ano, o padre Lancellotti formalizou as ameaças perante a Polícia Civil. Com isso, a Justiça determinou a prisão de Anderson, da mulher dele, Conceição Eletério, 44 anos, e dos irmãos Everson e Evandro dos Santos Guimarães. Everson compareceu a um encontro com o padre para receber R$ 2 mil.

Preso, Anderson afirmou que nunca ameaçou o padre, mas que recebia dinheiro dele por conta do relacionamento homossexual que ambos mantiveram por cerca de oito anos. Anderson, de acordo com o advogado, não tem provas documentais do suposto relacionamento, mas teria descrito detalhes do corpo do religioso que poderiam ser comprovados.

De acordo com Costa, seu cliente disse que as relações sexuais passaram de um abuso, na adolescência, para um consentimento, no início da fase adulta. Por essa versão, Lancellotti teria ficado com ciúmes do casamento do ex-interno, há cerca de um ano.

Dinheiro

O grande volume de dinheiro entregue pelo padre a Anderson chamou a atenção da Polícia Civil, que deu início a uma nova investigação. Os policiais começaram a apurar como Lancellotti gerenciava os recursos da ONG Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, que recebe R$ 581 mil mensais da prefeitura para manter 36 serviços na zona leste de São Paulo.

Há suspeitas de que o padre tenha lançado mão da verba da ONG para pagar o ex-interno. Lancellotti diz ter rendimento mensal de R$ 3.480 – R$ 1 mil da ONG e R$ 2.480 por prestar atendimento a internos da antiga Febem em liberdade assistida. Ele disse ter pago os chantagistas com economias pessoais e doações de amigos.

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