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Arma usada por Helder Massucato Rezende, que atirou na cabeça de cinco pessoas da própria família antes de se matar, em Franca | Clessio Messias/AE
Arma usada por Helder Massucato Rezende, que atirou na cabeça de cinco pessoas da própria família antes de se matar, em Franca| Foto: Clessio Messias/AE

Franca - Helder Massucato Rezende, de 45 anos, atirou nas cabeças da mãe, da mulher e dos três filhos, ontem, antes de se suicidar. A tragédia ocorreu na casa dos pais de Helder, no centro de Franca (SP). Sua mãe, Lourdes Massucato Rezende, 74, morreu. Sua mulher e os três filhos, com perda de massa encefálica, estão em estado gravíssimo na Santa Casa local, respirando com a ajuda de aparelhos. O único que sobreviveu é Augustinho Rezende de Araújo, de 78 anos, pai do autor dos disparos. Segundo um parente que pediu anonimato, ele tinha ido a um açougue.

Helder e a família moravam na casa de Augustinho havia 15 dias. O motivo era o estado depressivo de Helder, que jamais trabalhou. Na adolescência, estudou Teologia e Filosofia. Ex-seminarista, teria até celebrado casamentos, embora não tivesse sido ordenado padre. Depois, namorou a cabeleireira Valéria Gomes Freitas, hoje com 37 anos, com quem teve as gêmeas Letícia e Júlia, 11, e Alexandre, de 7 anos. Mas ele teve problemas com alcoolismo pelo menos até um ano atrás, e parentes de Valéria (que sustentavam a família, com ajuda de Augustinho) disseram à polícia que ele também usava cocaína.

A tragédia ocorreu por volta de 9h15. Parentes e vizinhos ouviram tiros. O comerciante José de Souza Andrade, de 53 anos, cunhado de Helder, mora ao lado e mantém seu estúdio fotográfico em frente. Ao lado do estúdio mora José Augusto, o terceiro filho de Augustinho, que sustenta boa parte da família com a renda de cerca de 30 casas alugadas. "Não foi crime financeiro ou passional, foi um momento de loucura", disse o cunhado. "Ele era bipolar e não aceitava ser medicado. Mesmo quando estava bom, era agressivo. Ele era inteligente, mas perigoso."

Outro parente conta que ele era "bacana, esclarecido, com boa cultura, mas nunca trabalhou". "Só falava de Deus e dizia que, quando o pai morresse, a sua herança ele daria para creches, ajudaria os pobres", contou. "Mas ele mesmo sempre foi ajudado."

Na opinião desse parente, que ficou sabendo da tragédia pelo rádio, o desfecho pode ter tido relação com o fato de Helder não ter se tornado padre. A família até evita falar disso "Vi fotos dele fazendo dois casamentos", assegurou. O vizinho Ramon Capel Berdu afirmou que presenciou Helder celebrando um casamento há mais de 20 anos.

Ao voltar, Augustinho viu uma multidão em frente à sua casa. Em choque, foi levado à Santa Casa, onde foi sedado; depois, foi para a casa de Andrade.

Os corpos de Helder e Lourdes serão sepultados hoje. O delegado do Setor de Homicídios da Delegacia de Investigações Gerais, Márcio Murari, disse que ouvirá parentes e vizinhos. Uma vizinha disse a ele que ouviu o menino Alexandre gritar: "Pára, pai, pára!" Parentes de Valéria informaram a Murari que Helder tomava medicamento controlado para depressão. Murari não crê em crime premeditado.

O neurocirurgião Sinésio Grace Duarte operou Valéria, Júlia e Alexandre – pela extensão de seu quadro clínico, Letícia não foi operada. Segundo Duarte, as crianças estão em coma profundo. "As cirurgias foram apenas para uma limpeza no local e parada do sangramento." Valéria teve períodos de consciência na chegada ao hospital e, apesar da penetração do projétil no crânio, seu estado é "relativamente bom" – mas ainda há risco de morte.

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