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Arno Grahl, que voltou a Curitiba depois de cinco anos no Rio de Janeiro: bom salário e futuro promissor | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Arno Grahl, que voltou a Curitiba depois de cinco anos no Rio de Janeiro: bom salário e futuro promissor| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Tendência

Desafios em empresas familiares atraem executivos para a região

São cada vez mais comuns os casos de executivos que vêm de outros estados para gerenciar empresas na Região Sul. Mais do que um bom salário, eles garantem que são atraídos pelo desafio. O catarinense Arno Grahl, que há cinco anos era diretor-executivo de uma empresa no Rio de Janeiro, retornou a Curitiba em abril deste ano para assumir a direção da importadora e distribuidora de peças automotivas Forcecar. Ele trabalhou por 15 anos em Curitiba e queria voltar para o Sul, mas ainda tinha dúvidas com relação ao melhor momento. "O salário é compatível com o mercado, mas o que me trouxe de volta foi o desafio da proposta. Enxerguei um futuro mais promissor aqui", conta o executivo, que é mestre em Administração e possui quatro especializações pela Faculdade de Administração e Economia (FAE). A mesma motivação trouxe o gaúcho Jorge Tarasuk, de 59 anos, a Curitiba. Ele estava aposentado quando recebeu o convite para comandar a importadora La Violetera. Na bagagem, trouxe a experiência de 20 anos na Pepsico."Seria uma pena não repassar esse conhecimento adquirido", diz o executivo.

O apagão de talentos com competências gerenciais no mundo corporativo tem feito as empresas abrirem o bolso na hora de negociar os pacotes de remuneração com profissionais que têm experiência e domínio da função. Uma pesquisa da Fesa – empresa multinacional de recrutamento de executivos – apontou um incremento médio de 12% nos salários dos executivos da Região Sul e de 17% no pacote de remuneração anual. Os dados se referem exclusivamente aos setores de bens de consumo, serviços financeiros e indústria, que mais movimentam a Fesa Sul, com sede em Curitiba.

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Na média mensal, o maior incremento está no setor de energia (19%), seguido pela indústria (16%), bens de consumo (14%), alta tecnologia (9%), mercado financeiro (8%) e setor farmacêutico e biotecnológico (8%). Porém, mais que um bom salário mensal, os executivos que ocupam cargos de liderança em grandes empresas estão interessados no pacote anual de benefícios, que inclui a remuneração variável. Nesse quesito, o levantamento aponta que os melhores pacotes da Região Sul são pagos pelo setor de serviços financeiros (24%), bens de consumo (16%), indústria (11%) e energia (4%). No Brasil, o setor de tecnologia liderou o ranking com 44% a mais no pacote anual.

Embora seja considerado bom, o pacote médio anual da Região Sul está abaixo da média brasileira, que atingiu 28% no primeiro semestre deste ano. "O Sul ainda é mais conservador quando se trata do incremento salarial dos altos executivos, mas as empresas estão percebendo na prática a necessidade desse mecanismo para atrair e, principalmente, reter esses profissionais", ressalta o diretor da Fesa Curitiba, Christiano de Oliveira.

O pacote de remuneração anual costuma incluir benefícios atrelados ao cumprimento de metas e, em alguns casos, planos de ações usados como instrumentos de remuneração variável. Essa foi a estratégia utilizada pelo empresário Afonso Borgonovo, proprietário da Gauss, para tentar fidelizar o CEO da empresa. Com três anos de casa e um incremento de cerca de 40% no salário fixo, o profissional possui 2,4% de participação nas ações da empresa e 0,8% ao ano, sempre que a empresa atingir 10% de lucro.

Além da grande demanda, outro fator vem contribuindo para elevar os salários dos executivos que atuam nas empresas do Sul: a profissionalização das empresas familiares. Diante do crescimento e da necessidade de expandir a atuação ou abrir capital, essas companhias precisam buscar executivos no mercado, onde o preço é alto, explica o coordenador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) Paraná, Márcio Kaiser. "Um bom pacote de remuneração variável é o ponto de partida em qualquer negociação", ressalta. Kaiser destaca também a política de salários das multinacionais instaladas na região, que tem contribuído para elevar a média salarial do mercado.

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