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O comando do Exército reforçou o efetivo no Complexo do Alemão ontem, após três dias de conflitos com traficantes | Jadson Marques/Ag.Estado
O comando do Exército reforçou o efetivo no Complexo do Alemão ontem, após três dias de conflitos com traficantes| Foto: Jadson Marques/Ag.Estado

Revolta

Moradores querem UPP já

Os moradores e comerciantes do Complexo do Alemão voltaram a viver, na noite de terça-feira, uma experiência que já não fazia parte de suas vidas desde a ocupação pelas forças de pacificação, em novembro de 2010. Assustados com o tiroteio e sem fazer ideia do que estava acontecendo, fecharam portas, trancaram casas, esconderam-se atrás de balcões, sofás, o que havia para se proteger.

Passada a tensão das balas traçantes, de ruas bloqueadas e do tiroteio, os moradores se dividiram entre os que culpam a truculência por parte dos soldados e os que acreditam que uns poucos estão agindo sob influência dos traficantes para enfraquecer as forças de segurança.

Só há um consenso entre os moradores. Todos querem que a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) substitua os soldados do Exército. Uma faixa exibida por um morador dizia: "Chega de Exército, queremos UPP." A instalação de uma UPP no Alemão, prevista para o 1º semestre deste ano, foi adiada, na semana passada, para junho do ano que vem.

Para alguns moradores, os policiais de UPPs saberiam lidar melhor com a comunidade. "Eles [soldados da Força de Pacificação] não estão preparados. Nos abordam só na base da força. Ao invés de chegarem com arma, por que não dão um tapinha no braço?", disse o auxiliar administrativo Leandro Henrique Silva, de 22 anos.

O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, informou que os últimos episódios não vão alterar o cronograma de implantação das UPPs em comunidades do Rio.

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O Exército vai enviar um reforço de 200 militares para o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, em resposta aos conflitos de terça-feira à noite no conjunto de favelas. O efetivo vai complementar o adicional de 100 fuzileiros já enviados pelo Exército. Além disso, as comunidades da Baiana e do Adeus e mais 11 pontos próximos foram ocupados por 120 homens da Polícia Militar por tempo indeterminado, informou o comandante da PM do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte.

Segundo o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, um "número muito pequeno" de traficantes teria entrado de carro nas comunidades pela Vila Cruzeiro. O comandante do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, afirmou que os tiros disparados contra os militares foram feitos das comunidades da Baiana e do Adeus. Segundo ele, o Exército foi pego de surpresa pela ação dos criminosos, enquanto investigava incidentes acontecidos no conjunto de favelas no último fim de semana. "Foi [uma surpresa], porque a inteligência não tinha levantado essa ação", disse.

De acordo com o comandante, os distúrbios teriam começado no domingo, depois que militares perseguiram dois jovens flagrados vendendo drogas e entraram em um bar para onde eles fugiram. O general explicou que os soldados teriam "perdido o controle", utilizando spray de pimenta e fazendo disparos com balas de borracha. O comércio de drogas foi filmado pelos militares.

Pereira Júnior disse que quatro homens do Exército estão afastados e que foi aberto um inquérito para apurar o que houve. "Ali começou o erro, [que foi] não perceber que se tratava de uma armadilha", afirmou, ao atribuir o episódio a uma armação de pessoas ligadas ao tráfico. Ele refutou a versão de que o que motivou a reação dos militares foi a recusa dos frequentadores de baixar o som da tevê.

O general admitiu que o Exército respondeu aos disparos feitos pelos traficantes com armamento pesado. Ele também confirmou que ainda há tráfico na região e que traficantes de fora eventualmente circulam na área. "Existe tráfico lá dentro. Não há paz completa", disse. O comandante afirmou ainda que o Exército vai voltar a ser mais rigoroso nas revistas, mas prometeu respeito aos moradores da localidade. "Vamos voltar a fazer mais revistas nas pessoas que pelas atitudes indicarem que estão fazendo algo errado", declarou.

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