Existe alguém mais jovem do que eu?

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Nada de acne, queda de cabelo, rugas ou manchas na pele. O maior inimigo da beleza – sim, porque homens e mulheres se preocupam com a aparência – é o tempo. São os efeitos do relógio biológico, associados aos fatores ambientais, que levam centenas de pacientes todos os dias aos consultórios de cosmiatras e clínicas estéticas. E a procura pela fonte da juventude, representada em uma aplicação de laser ou na ponta de uma agulha recheada de toxina butolínica, começa cada vez mais cedo. A primeira consulta com esta preocupação geralmente é feita por volta dos 35 anos.

Claro que há problemas de beleza que levam os pacientes para os consultórios muito antes disso. "Acne, por exemplo, é uma preocupação desde a pré-adolescência. Tem paciente de 10 a 30 anos", explica a médica dermatologista Fabiane Mucelin Brenner, assessora científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia, seção Paraná (SBD-PR) e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Mas a população precisa se proteger mesmo é do sol, este sim o inimigo público número 1 da boa aparência e juventude. Ele é capaz de acabar com a saúde do indivíduo, por meio de um câncer de pele, ou com a auto-estima de uma jovem, diante de um lentigo solar precoce – as antigas manchas senis, que pintavam as mãos das vovós depois de anos a fio de exposição solar e hoje chegam mais cedo devido ao temível buraco na camada de ozônio. Por conta disso, Fabiane indica o uso do filtro solar desde a mais tenra idade. É o primeiro tratamento de beleza, sem contra-indicações, que vai proteger a pele dos danos causados pelo sol, retardando os efeitos de um dos fatores mais nocivos ao envelhecimento humano. "Contra as causas intrínsecas ao envelhecimento, não há muito que fazer, já que diz respeito ao desgaste fisiológico e depende da carga genética e do metabolismo de cada um. Mas há fatores extrínsecos que podem ser amenizados, como o sol e o tabagismo", explica a médica.

Então, para ser jovem e belo, além de fugir do sol, convém também apagar o cigarro. E lançar mão dos mais modernos recursos médicos para conter os efeitos dos tais fatores ambientais.

O cosmiatra Eliseu Portugal tem pacientes de 30 a 80 anos, de ambos os sexos. "As pessoas são mais cuidadosas com sua aparência. E buscam conservar isso por mais tempo", avalia.

Pelo menos 70% das queixas nos consultórios dermatológicos são por questões estéticas, ou seqüelas deixadas por alguma alteração na pele, cabelo ou unhas, causadas por problemas de saúde.

Incômodos

O Censo Dermatológico realizado pela SBD no ano passado mostra que acne, fungos e manchas de pele – claras ou escuras – são as campeãs dos incômodos citados por mais de 54 mil pacientes ouvidos em todo o país para o levantamento.

Os desconfortos estéticos têm mais reflexos do que uma imagem desagradável no espelho. Acabam alterando de alguma forma também o comportamento e a auto-estima do paciente. E a avaliação é muito mais subjetiva do que médica. "É o que incomoda a pessoa, não o médico. Uma pinta mais acentuada, mesmo que não tenha riscos de desenvolver um câncer de pele, pode ser uma tortura diária. A remoção rende mais do que uma pele limpa. Causa efeitos psicológicos importantes", aponta a médica.

Muitas vezes a personalidade do indivíduo é traduzida à flor da pele. Rugas de expressão em rostos joviais é exemplo de como um traço do comportamento acaba registrado na pele. Toxina butolínica nela, mas não sem antes ter uma boa conversa com o paciente. O médico precisa esclarecer os efeitos e também os limites dos procedimentos e ficar atento às expectativas de cada um. "A cosmiatria tem um limite de resultados, não é a solução de todos os problemas. O médico tem de identificar o que é causa e o que é efeito. Uma insatisfação pessoal no trabalho ou no relacionamento, por exemplo, podem desencadear uma necessidade urgente de mexer com a aparência, e detectar isso é fundamental para evitar frustrações futuras", diz.