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Despachante salvo pela curiosidade e impaciência

A mistura de curiosidade com impaciência salvou o despachante portuário Josemar de Lima, 36 anos, de ser outra vítima da explosão do galpão da Sal Diana na tarde de ontem. No momento da segunda explosão, por volta das 15 horas, Lima passava pela Rua Gabriel de Lara, esquina com Beto Rocha, no Jardim Guadalupe, local do incidente. Com o tumulto, um engarrafamento se formou nas redondezas, o que levou o despachante a descer do carro para ver o que acontecia. Foi o tempo de ele andar dez metros e olhar para trás: o carro, um Celta, acabara de ser atingido pelo segundo cilindro que explodiu.

"Não cheguei nem a ver o cilindro voando. Ouvi o barulho de um choque e quando olhei para trás meu carro já estava destruído", diz. O cilindro atingiu a parte traseira do veículo. A distância percorrida pelo cilindro do galpão até a Rua Gabriel de Lara foi de aproximadamente 150 metros. O tempo entre a segunda e a terceira explosão foi de aproximadamente 10 minutos. Entre a terceira e quarta, 15 minutos.

Lima, que não tem seguro do carro, afirma já ter acertado com a Sal Diana o ressarcimento. Mesmo assim, o despachante afirma já ter ganho o dia ontem. "Tive um dano material, que, acredito, será ressarcido. Mas o principal é que não tive nenhum ferimento". (MXV)

Quase três anos após o acidente com o navio Vicuña, outra explosão seguida de incêndio voltou a assustar Paranaguá, no litoral do estado. Por volta das 15 horas de ontem, moradores do bairro Jardim Guadalupe, próximo do porto, ouviram o primeiro dos quatro estrondos vindos do armazém da empresa Sal Diana, na Avenida Bento Rocha. De acordo com o Corpo de Bombeiros, pelo menos três cilindros, com 2 mil quilos de gás cada, explodiram no armazém, durante a manutenção feita pela companhia Ultragás.

Por causa do acidente, a empresa e todas as casas e estabelecimentos situados num raio de 350 metros de distância foram evacuados. Mesmo assim, três pessoas ficaram feridas. Marcos Antônio Soares, 41 anos, funcionário do armazém, teve queimaduras leves. Já José Pereira dos Santos e José Aparecido Marreiro, ambos funcionários da Ultragás, tiveram entre 40% e 60% do corpo queimado.

Os três feridos foram encaminhados para o Hospital Regional do Litoral. De acordo com a médica Lúcia Eneide Rodrigues, chefe da UTI da unidade, os dois feridos graves tiveram de ser colocados no oxigêncio. Ainda na noite de ontem, Santos seria transferido para o Hospital Santa Cruz e Marreiro para o Hospital Evangélico, em Curitiba. Um carro, que estava a cerca de 100 metros da explosão, foi atingido por um dos cilindros (ver texto ao lado), mas ninguém ficou ferido.

No total, 30 homens do Corpo de Bombeiros (CB) foram deslocados em oito viaturas (duas de Curitiba) para combater o fogo. No início da noite de ontem, os bombeiros mantinham sob controle o fogo no último cilindro. O major Edemílson Barros, comandante do CB no litoral, explicou que dessa forma o risco era menor. "O fogo vai eliminar todo o gás. Se o fogo for apagado totalmente, o gás pode vazar e se concentrar, gerando um risco ainda maior de explosão", disse.

Ontem à noite, o trabalho dos bombeiros não tinha previsão para terminar. Com isso, os moradores das proximidades do armazém não sabiam a que horas poderiam voltar para suas casas. Segundo o secretário municipal de Segurança, Álvaro Domingues Neto, eles só retornariam quando a situação fosse completamente controlada. "Como prevenção, reservamos duas escolas estaduais e 20 colchões para atender os moradores", informou.

O diretor-presidente da Sal Diana, Emílio Romani Fineschi, informou à assessoria de imprensa do Porto de Paranaguá que o acidente ocorreu quando a empresa terceirizada fornecedora de gás (Ultragás) estava reabastecendo um dos tanques. Fineschi afirmou que ainda não é possível dimensionar os danos à refinaria, mas acredita que a produção não será afetada.

Moradores de casas próximas ao armazém afirmaram que o cheiro de gás é constante na região. "A gente vive conferindo o nosso botijão de gás, mas o cheiro vem de fora", conta Salete Sá, 50 anos, cuja casa fica na divisa do muro com o armazém. Ontem, ao ouvir o barulho da primeira explosão, ela e o genro saíram correndo. "Cheguei a sentir o calor da explosão", ressalta.

Sérgio Roberto Figueiró, estivador de 45 anos e que mora em uma rua ao lado, também reclama. Como representante da associação de bairro, ele afirma que os moradores já procuraram não só a direção da Diana, mas de outras empresas da região para reclamar do odor de gás. "Mas até hoje ninguém ouviu a gente." Tanto a Secretaria Municipal de Segurança quanto o Corpo de Bombeiros informam que nunca foram avisados sobre o cheiro.

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