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Produtor de filmes B busca recursos para novo filme, em "O Crocodilo" | Divulgação/Downtown Filmes
Produtor de filmes B busca recursos para novo filme, em "O Crocodilo"| Foto: Divulgação/Downtown Filmes

Regulamentação

Depósito estaria irregular

Segundo o presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás do Paraná (Sinregás-PR), José Luiz Rocha, a distribuidora Prado e Santos estava enquadrada na Classe 2 das normas da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que regulamentam o setor. A Classe 2 permite o armazenamento de até 1.560 quilos de GLP (120 botijões de 13 quilos).

No entanto, o encontrado pelo Corpo de Bombeiros no momento do incêndio foi 5.840 quilos acima do limite permitido. Havia no local 500 botijões de 13 quilos (6.500 quilos de GLP) mais 20 cilindros de 45 quilos (900 quilos). "Se o número informado pelo Corpo de Bombeiros estiver certo, o depósito operava acima da capacidade permitida", afirma Rocha.

Um funcionário da Prado e Santos, que preferiu não se identificar, afirmou que o limite de 120 botijões de 13 quilos era respeitado no depósito. De acordo com ele, a quantidade de gás encontrada foi acima do permitido por causa do carregamento de botijões em um caminhão e em duas caminhonetes.

Estima-se que há 3 mil pontos clandestinos de venda de gás em Curitiba. Com o objetivo de coibir a prática, Ministério Público (MP), Corpo de Bombeiros e Polícia Militar fiscalizam o setor desde novembro de 2006.

Testemunha

Fogo começou em caminhão

O único ferido confirmado é o sócio da distribuidora, identificado apenas como Edivaldo Luís, de 28 anos. Ele estava dentro do estabelecimento quando o fogo começou; tentou apagar as chamas e ficou ferido. Recebendo atendimento no Pronto Socorro do Hospital Evangélico, Edivaldo contou à reportagem que o incêndio começou no tanque de um caminhão Mercedes Benz que estava no pátio.

"O motorista estacionou e, algum tempo depois, percebi que o tanque de combustíveis estava em chamas. Corri para fora do escritório e tirei minha camiseta para tentar apagar o fogo, mas não consegui. Acabei queimando os pêlos dos braços, as costas e a mão direita." Em seguida, Edivaldo, a esposa, Franciele, e a sogra, Maria da Silva, saíram para a rua, pedindo para que os vizinhos chamassem o Corpo de Bombeiros. "Perdemos tudo que estava lá dentro", lamenta a esposa, que estava ao lado do marido no hospital. De acordo com ela, Edivaldo vai permanecer internado no Hospital Evangélico para que os médicos avaliem qual o grau das queimaduras.

Uma explosão em uma distribuidora de gás no bairro Mercês, em Curitiba, às 18h10 de ontem, deixou um homem ferido, destruiu vários veículos e obrigou o Corpo de Bombeiros a evacuar casas e prédios, além de interditar três residências nas proximidades.

De acordo com o major do Corpo de Bombeiros Samuel Prestes, cinco veículos e 30 homens participaram da operação, na esquina das ruas Roberto Barrozo e Júlio Perneta. O fogo só foi controlado uma hora e meia depois da explosão.

Segundo o major, as causas do incêndio só serão conhecidas após a perícia do Instituto de Criminalística, mas informações preliminares indicam que uma ponta de cigarro pode ter provocado a explosão. Há suspeitas de que a empresa estivesse trabalhando com estoque superior ao permitido.

A força da explosão dos primeiros botijões chegou a provocar a queda de energia em vários imóveis das Mercês, Vista Alegre, Bigorrilho, Bom Retiro, Cabral e Centro Cívico. O incêndio obrigou a Copel a desligar a linha de energia que passava pela Roberto Barrozo. Segundo a assessoria de imprensa da companhia, técnicos da Copel realizaram uma manobra com as chaves de energia para buscar luz de outras linhas e tentariam normalizar a situação ainda na noite de ontem. Na área atingida pelo incêndio, no entanto, a fiação queimou e começou a ser trocada por volta das 21h30. A Copel não tinha uma estimativa de quantas pessoas ficaram sem energia por causa do acidente.

Com o fogo controlado, funcionários da Liquigás-Petrobras recolheram os botijões espalhados. A retirada de todos os botijões é uma exigência da Defesa Civil para liberar a área. Com várias quadras bloqueadas, o trânsito nas proximidades do acidente ficou confuso. Agentes da Diretran impediram a aproximação de veículos a menos de três quarteirões da distribuidora.

O motorista Edmundo Goralewski, vizinho da revenda, disse ter ouvido uma primeira explosão, muito forte, seguida de outras menores. "O chão da casa tremeu", descreve ele que era cliente da distribuidora. O estudante Ricardo de Assis Pereira, 27 anos, tinha acabado de chegar em casa quando ouviu um barulho muito forte. Ao olhar para fora da porta da sala viu a explosão. "Só pensei em correr naquele momento", diz. O estudante mora com a mãe, a funcionária pública Elza Rodrigues Pereira, 51 anos, ao lado da distribuidora. A porta da sala fica a cerca de um metro, em frente a uma parede onde ocorreu a explosão, que segundo a Defesa Civil corre risco de desabamento. Uma árvore também pode cair.

Elza soube do acidente por meio de uma ligação do filho, mas só teve a dimensão do risco que ele correu cerca de duas horas depois, quando chegou em casa. Os dois moram no local há dois anos. Quando conseguiu entrar em sua residência, em companhia de três homens da Defesa Civil, o calor da parede da distribuidora ainda era muito alto. Mesmo assim, Elza ainda tinha planos de poder dormir em casa na noite de ontem. "Nunca pensei que fosse perigoso assim morar ao lado de uma distribuidora de gás. Quando vim para cá, só pensei na comodidade de estar ao lado de um local onde se vende botijão."

Segundo relato de vizinhos, o marido da proprietária da distribuidora, Maria Terezinha Reis da Silva, morreu há um ano, vítima de vazamento de gás de cozinha.

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