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O pagode com Arlindo Cruz acontece na quinta | Reprodução www.tcvultura.com.br/bembrasil
O pagode com Arlindo Cruz acontece na quinta| Foto: Reprodução www.tcvultura.com.br/bembrasil

Problema - Controladores reclamam de interferência na comunicação

Segundo os controladores, há ainda outros problemas no sistema aéreo brasileiro, como os de freqüência, que não estão solucionados. Além das interferências, provocadas por rádios piratas, os controladores reclamam da qualidade delas, do nível de ruído e do fato de sumirem. Informam, por exemplo, que nas cartas de rota (ERC), expedidas há três dias, consta freqüência que não existe.

Oficiais da FAB consultados pela reportagem justificam que os grandes problemas ocorridos no sistema foram todos provocados por falha humana. Listam que o primeiro foi a falta de pessoal, em decorrência do acidente. Em relação às interferências, dizem que não têm como prevenir e estão atuando junto com a Anatel para tentar resolver os problemas. Sobre os alvos falsos na telas, embora reconheçam que podem atrapalhar os controladores, justificam que eles sabem distinguir o verdadeiro do falso.

São Paulo – Para tentar colocar um ponto final na polêmica com os controladores de vôo, que criticam os equipamentos utilizados no sistema de proteção ao tráfego aéreo do país, a Aeronáutica está negociando para trazer ao Brasil um grupo de técnicos da Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci). Quer que eles atestem o que o comandante da Força Aérea, brigadeiro Juniti Saito, disse na CPI do Apagão Aéreo, no Senado e tem repetido sempre que lhe perguntam sobre a qualidade do sistema de controle do tráfego: que é 99% confiável.

Na prática, a FAB não admite a existência de falhas técnicas nem mesmo no 1% restante do sistema, alegando que há duplicidade de segurança e controle em todos os equipamentos e, quando há problemas, os especialistas estão a postos para o reparo imediato. O relator da CPI do Apagão Aéreo, senador Demóstenes Torres (DEM-TO), tem preocupação semelhante à da Aeronáutica e diz que está atrás de técnicos independentes para chegar a um parecer que ateste se o sistema apresenta ou não falhas.

Apesar de o Comando da Aeronáutica não detalhar o que seria o 1% problemático e de as CPIs na Câmara e no Senado terem reforçado a idéia de que os controladores contribuíram tanto ou mais que a imperícia dos pilotos norte-americanos para o choque do Legacy com o avião da Gol, relatórios especiais mostram que a infra-estrutura do serviço de proteção aos vôos tem, sim, problemas graves. A reportagem não pegou as informações das falhas nas planilhas com as anotações manuscritas dos sargentos controladores nos livros do Cindacta, mas nos relatórios técnicos em que se checa e se separa dessas anotações o que é relevante.

Duplicação

Nesses relatórios há anotações técnicas comprovadas de radares que duplicam pistas e fornecem leituras confusas, assim como há a categórica recomendação de um oficial para que seja melhorado o software que, hoje, anota e embaralha duas informações que não podem ser embaralhadas: a altura exata das aeronaves e a altura do plano de vôo. A Aeronáutica não fala em mudanças, mas admite que há estudos, também, para inserir algum tipo de alarme que chame a atenção do controlador quando uma aeronave voar com o transponder desligado. Em setembro, quando o avião da Gol caiu e matou 154 pessoas, o jato da ExcelAire se chocou com o avião brasileiro, depois de voar parte do trajeto com o transponder desligado.

O brigadeiro Juniti Saito, ao ser questionado, na quarta-feira, se mudaria o sistema de controle aéreo, disse que "o sistema funciona assim desde que foi criado (1996)" e os controladores sabem como ele funciona.

Relatório datado de 20 de abril de 2007 trata das "anomalias encontradas pelo sistema de tratamento e visualização do controle do tráfego aéreo de Brasília, em fevereiro e março deste ano". O relatório técnico atesta que "o radar de Santa Teresa cria pista falsa secundária", e "o radar de Confins duplica e essa duplicação aparece na mesma radial da pista verdadeira". Esses dois casos se referem a ocorrências registradas pelos controladores no dia 12 de fevereiro, que foram confirmadas pela FAB.

Os controladores queixam-se de que é comum sumir das telas a indicação do nível da aeronave e até a matrícula, como aconteceu com o Legacy no dia do acidente com o Boeing.

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