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Conciliação no TRT

Uma tentativa de conciliação ocorre na tarde desta sexta-feira (28). A desembargadora Ana Zaina, do TRT, acatou na noite desta quinta-feira (27) pedido da Prefeitura de Curitiba para que fosse antecipada a nova audiência marcada anteriormente para a próxima quinta (6), após o carnaval. O novo encontro será às 14h, no Tribunal Regional do Trabalho.

Professor diz que remanejamento de carros oficial é alternativa possível

Professor de Direito Admi­­nistrativo na Universida­­de de Brasília (UnB), Mamede Said conta que, mesmo que sejam veículos alugados com uma determinada finalidade – como transportar doentes ou beneficiários da assistência social –, há a possibilidade de, em situações excepcionais, adaptar o uso do bem público para necessidades urgentes. "É legal porque o interesse público justifica a medida", diz. Ele reforça que uma greve de transporte coletivo afeta milhares de pessoas – impedidas de chegar ao trabalho, por exemplo – e que não há desvio de finalidade em promover uma adaptação em situações como essas.

      Os veículos oficiais da Prefeitura de Curitiba começaram a circular na manhã desta sexta-feira (28) para auxiliar no transporte público da capital. Por volta das 9h15, os veículos começaram a operar, mas não totalmente de graça como havia prometido a prefeitura. As kombis pegavam passageiros dentro dos terminais, que já haviam pagado a passagem, e levavam para o Centro da capital. No sentido oposto (Centro-bairro) era possível pegar o transporte fora das estações-tubo, sem pagar a passagem. Às 11h, 81 já trafegavam pela cidade, segundo balanço.

      Veja fotos do 3º dia de greve de ônibus em Curitiba

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      No 3º dia de greve, 50% dos ônibus circulam em Curitiba nesta manhã

      Conforme a Prefeitura de Curitiba, até o fim do dia cerca de 100 kombis devem estar rodando as canaletas da cidade, fazendo linhas pelas vias exclusivas dos biarticulados. A intenção inicial era fazer as viagens bairro-centro (e vice-versa) sem paradas no meio do caminho. A prioridade para os veículos públicos é o transporte de idosos, gestantes e deficientes.

      No entanto, a reportagem da Gazeta do Povo presenciou veículos da prefeitura fazendo paradas intermediárias durante o trajeto, para o embarque e desembarque de passageiros.

      Até por volta das 10h45 ainda não havia informações sobre os locais com mais problemas de superlotação pela falta de ônibus. Os veículos oficiais eram mandados para o terminais com maior número de passageiros esperando por um coletivo. A Urbs fazia um levantamento, que deve ser divulgado ainda nesta manhã, no qual deve constar também o número de kombis em cada linha.

      Os carros oficiais precisam fazer um cadastro e vistoria na Urbs antes de saírem às ruas. Para identificar as kombis oficiais da prefeitura, são usados cartazes diferentes dos que foram fixados nas lotações alternativas particulares.

      Conforme a Urbs, essa vistoria faz com que os veículos da prefeitura tenham a mesma classificação legal que um ônibus normal da frota do transporte coletivo. Caso aconteça um acidente com algum passageiro, por exemplo, o procedimento é o mesmo que seria tomado se tivesse ocorrido em um veículo da Rede Integrada de Transporte (RIT).

      As demais lotações, autorizadas pela Urbs desde quarta-feira, vão continuar funcionando (fora das canaletas) cobrando passagem de até R$ 6.

      Passageiros e seguranças confusos

      Pela manhã, passageiros que buscavam um ônibus não sabiam dos auxílio dos veículos da prefeitura no transporte público. Maria Aparecida Negrella, pensionista, por exemplo, mora no Boqueirão e enfrentou espera de 45 minutos para o ônibus chegar que a levou para o Terminal do Hauer chegar. "Não tinha ouvido falar de nada disso do transporte feito pela prefeitura", disse.

      Samuel da Silva, 23 anos, coordenador de expedição, morador de Colombo e trabalha em Curitiba esperou por 30 minutos o ligeirão na Praça Carlos Gomes. Ele já estava no tubo quando aproveitou a chegada de uma Kombi para ir para casa. "Fiquei meia hora esperando, não dava mesmo para pegar o ligeirão. Até que o transporte chegou e aproveitei."

      Seguranças do Terminal do Hauer disseram à reportagem durante a manhã que não receberam nenhuma informação sobre a chegada das kombis da prefeitura. Quando o primeiro veículo oficial parou no terminal, um dos trabalhadores chegou a levantar para reprimir o motorista. Mas, o veículo tinha uma placa da prefeitura e era conduzido por um guarda municipal, então o segurança não tentou contê-lo.

      O anúncio

      O "caronaço" foi anunciado pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT) na quinta-feira (27) via Twitter antes de serem definidos os detalhes de como o processo iria funcionar. Como o anúncio ocorreu no início da noite, a Prefeitura de Curitiba não soube informar na quinta quantos veículos iriam operar, em que linhas e como seriam os detalhes. O órgão informou ainda que a operação das kombis seria de graça, mas não especificou que passageiros de dentro de terminais, com a passagem de R$ 2,70 do sistema de ônibus paga, seriam transportados.

      Greve dos ônibus causou tumulto pela manhã

      No início da manhã, dois ônibus foram depredados em Itaperuçu, região metropolitana de Curitiba. Passageiros revoltados teriam inclusive tombado um dos veículos, mas apesar do susto, ninguém ficou ferido. O caso aconteceu por volta das 7h30, na Avenida Agrimensor Gildo Pinheiro da Luz.

      Por volta das 7h30, usuários do transporte coletivo no Terminal Pinheirinho ficaram nervosos pela demora para a chegada dos biarticulados no local. Ônibus das linhas Circular Sul e Pinheirinho/Rui Barbosa que passam a cada 2 ou 3 minutos em dias normais, hoje estavam passando de 15 em 15 minutos. Um balde de lixo chegou a ser jogado no meio da canaleta em protesto, mas a situação foi apaziguada em seguida.

      A determinação de frota mínima da Justiça foi cumprida pelos motoristas e cobradores de Curitiba e região metropolitana nesta manhã. Segundo a Urbs, das 6h45 às 8 horas, cerca de 50% da frota esteve na rua para atender à população.

      Apesar do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) ter cumprido a determinação judicial de colocar pelo menos 50% da frota de ônibus nas ruas durante o horário de pico (das 6h às 8h), a medida fez pouca diferença para quem precisou acordar cedo e encarar o terceiro dia de greve em Curitiba e Região Metropolitana.

      Com menos ônibus nas ruas, o aumento da diferença no tempo de passagem entre um veículo e outro foi suficiente para lotar biarticulados. No Terminal do Pinheirinho, a situação ficou pior após as 7h, quando passageiros das linhas Pinheirinho/Rui Barbosa e Circular Sul tinham de, literalmente, se espremer para conseguir entrar nos ônibus. Muitos preferiam esperar ainda mais para aguardar o próximo veículo.

      Seja no Pinheirinho ou em outros terminais, como o Hauer ou o Campo Comprido, vigias e fiscais relataram que foram comuns durante a manhã os casos de discussões acaloradas, xingamentos e ameaças de passageiros dirigidos a motoristas, cobradores e trabalhadores da Urbs – prova de que parte da população não tinha mais paciência com os atrasos e veículos superlotados. Moradora do Boqueirão, a aposentada Maria Aparecida Negrella esperou 45 minutos pelo ônibus da Linha Iguapê 2. Frente às reclamações veementes dos demais passageiros, desembarcou no Terminal do Hauer temendo pela própria segurança. "Espero que o povo tenha consciência de que não adianta quebrar tudo. Não é esse o caminho. É difícil, mas nessas horas é preciso ter paciência", disse.

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