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Sem professores, alunos do Colégio Estadual Tomaz Edson de Andrade Vieira, em Maringá, ficaram o período de aulas no pátio | Ivan Amorin/Gazeta do Povo
Sem professores, alunos do Colégio Estadual Tomaz Edson de Andrade Vieira, em Maringá, ficaram o período de aulas no pátio| Foto: Ivan Amorin/Gazeta do Povo

PSS

Distribuição de vagas é tumultuada

Jorge Olavo e Fernanda Trisotto

Enquanto escolas enfrentavam problemas com a falta de professores no primeiro dia de aula, ontem, o dia foi de tumulto no Núcleo Regional de Educação (NRE) do Centro de Curitiba. Centenas de professores de toda a cidade, convocados a partir do Processo de Seleção Simplificada (PSS), foram ao núcleo para apresentar documentos e descobrir que vagas ocupariam no quadro estadual de ensino.

Um edital publicado às 20h30 de segunda-feira convocou os professores das oito regionais da capital para comparecerem ao NRE a partir das 9 horas de terça. O resultado foi um mundaréu de gente acumulada nos corredores, confusão e gritaria na distribuição de aulas. Infelizmente, é um descaso com o professor. O Estado diz que busca valorizar os professores. Deste jeito? Parece que estamos sendo rifados hoje", afirmou o professor de História Nilton Torquato.

Diante dessa situação, funcionários do NRE explicaram que o tumulto foi ocasionado pelo fim da suspensão do PSS pela Justiça, o que acabou acumulando a distribuição de aulas para ontem. A Secretaria de Estado da Educação (Seed) não informou o número de professores convocados a se apresentarem nessa terça nem o número de profissionais classificados pelo PSS que já deveriam estar em sala de aula. O diretor-geral da Seed, Jorge Wekerlin, afirmou que a distribuição deve continuar no dia de hoje.

O processo

O PSS é o processo usado pelo governo estadual para contratar professores temporários sem a necessidade de concurso público. O procedimento foi interrompido na última sexta-feira depois de problemas encontrados a partir da divulgação do resultado. Na noite de segunda, uma nova decisão derrubou a liminar que suspendia o PSS.

O início do ano letivo nas escolas da rede estadual de ensino do Paraná foi marcado ontem pelo improviso de equipes pedagógicas para evitar que os estudantes ficassem sem aula. Mesmo as­­sim, houve casos em que os alunos tiveram de voltar para casa mais cedo por falta de professores. Com a conturbada contratação de docentes pelo Processo de Seleção Simplificado (PSS), muitos educadores temporários não compareceram às escolas, já que tiveram de se apresentar aos Núcleos Regio­­nais de Educação (NRE) para a distribuição de aulas.

Acostumados com os problemas que se repetem ano a ano nas primeiras semanas de aula e atentos ao impasse na vigência do PSS, a estratégia dos diretores evitou o caos esperado na recepção dos alunos. A Gazeta do Povo procurou 17 escolas estaduais e constatou que em oito houve ausência significativa no quadro de professores, afetando cerca de 8 mil alunos. A Secretaria de Estado da Educação (Seed), no entanto, não divulgou um balanço oficial das ausências nem um panorama sobre o primeiro dia de aula no Paraná. A justificativa apresentada pela assessoria de imprensa foi a de que não houve tempo hábil para consolidar as informações enviadas pelos núcleos regionais do estado.

"A intenção foi de que se começasse o ano letivo com todos os professores em sala de aula. Alguns lugares tiveram problemas, mas na maioria transcorreu normalmente. Por causa das liminares [que chegaram a suspender o PSS], ficamos impedidos de fazer a alocação dos professores", explicou o diretor-geral da Seed, Jorge Wekerlin.

Em uma escola da Região Sul de Curitiba, diretores e coordenadores foram para salas de aula para ocupar os lugares vagos. O desfalque de docentes representa 15% do quadro composto por 70 professores. A maior demanda é para os cursos técnicos, que contam com 80% da equipe de professores vinda do PSS. Até ontem, apenas um havia se apresentado.

Já no Colégio Aníbal Khury Neto, no Uberaba, de um total de 75 professores, 25 faltaram. Para evitar que os alunos fossem dispensados, professores atuaram fora de seu horário de trabalho como voluntários. Situação diferente da ocorrida no Colégio Elias Abrahão, no Cristo Rei. Diante da ausência de oito profissionais, uma decisão conjunta entre a diretoria e o colegiado de professores optou pela dispensa dos alunos após o recreio.

Interior

O mesmo problema foi verificado em municípios do interior, como Maringá, Foz do Iguaçu e Londrina. Em Maringá, no Noroeste do estado, o Colégio Estadual Tomaz Edson de Andrade Vieira teve oito professores a menos no primeiro dia letivo. Duas turmas, uma da 1.ª série e outra da 6.ª, não tiveram um professor sequer. Alunos de outras séries também foram prejudicados. A turma de Igor Manso, 14 anos, aluno da 8.ª série, foi dispensada quase uma hora antes do previsto porque um professor faltou. "Acho uma falta de respeito", reclama o garoto.

Em Foz do Iguaçu, pelo me­­nos 30% dos 1,3 mil professores das 29 escolas estaduais do município não compareceram aos colégios ontem, segundo estimativa da APP-Sindicato. No período da tarde de ontem, todas as 16 turmas do Colégio Paulo Freire foram liberadas uma aula mais cedo.

Já em Cascavel, no Oeste, duas escolas ficaram sem aulas por causa de problemas estruturais. A Justiça determinou que as aulas no Colégio Estadual Costa e Silva, por exemplo, só poderão ser retomadas quando as instalações forem adequadas, já que toda a estrutura está comprometida. Em caso de descumprimento, a Seed deverá pagar multa diária de R$ 10 mil.

Colaboraram Fernanda Trisotto, Luiz Carlos da Cruz, Denise Paro Erika Pelegrino, Amanda de Santa e Thiago Ramari.

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