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Rio – Do luto à luta foi a escolha que a família de João Hélio Fernandes Vieites anunciou ontem de manhã, na missa realizada na Candelária, centro do Rio, em preces pelo menino e protesto pela violência. Eles foram recebidos com aplausos, beijos e abraços de muitos que estavam ali. Cerca de 600 pessoas participaram da missa. Aos poucos, a família de João está tentando superar a dor e iniciar campanha por mudanças na legislação penal no país. Eles defendem a redução da maioridade penal.

"Queria que toda essa solidariedade se transformasse em luta porque esse é o caminho que hoje enxergamos para que possam ser feitas mudanças, para que um dia possamos ter paz. A vida que a gente tem hoje no Rio não é digna, para nós e nossos filhos. Essa dor que a gente sente agora, a gente não deseja para ninguém’’, disse Elson Vieites, pai de João.

Apesar de considerarem o Rio uma cidade "violenta’’, não pensam em sair do estado. "Não adianta correr da luta, a gente tem que enfrentar. A força está conosco. A gente tem que empurrar de baixo pra cima (do povo para os governantes)’’, afirmou ele.

Justiça

Muito abatida, a mãe de João disse que se sente sem Justiça, apesar das prisões de cinco acusados do crime, entre eles um adolescente de 16 anos. "Eu perdi meu menino’’, declarou com lágrimas nos olhos. Rosa disse que não culpa os pais dos acusados pelo crime, porque "não foram eles que fizeram a barbáries, mas os filhos.’’

Ela pediu "consciência das autoridades, para que vissem a população como uma população carente de tudo’’ e que governem o país com "sentimento, verdade e honestidade’’.

Aline, irmã de João, voltou a defender a redução da maioridade penal. "Eu quero é a redução e vou lutar por isso. Os menores sabem que não vai acontecer nada (se cometerem crimes), eles têm que ser punidos. Não podem ficar livres, não podem ficar impunes. Se foram adultos para cometer o crime, porque não é adulto para pagar’’, afirmou.

Ela disse ter esperanças de que a mobilização popular leve à mudança da lei. Aline afirmou que não sabe se vai superar a dor e agradeceu as manifestações de carinho, que têm vindo de todo o país.

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