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Roberto Weiss Júnior, 38 anos, era diretor-executivo da rede de concessionárias Dipesul, revenda Volvo do Rio Grande do Sul. Curitibano, havia trabalhado na fábrica da montadora na CIC. Casado, deixa duas filhas de 14 e 9 anos.

Soraya Charara era curitibana mas há pelo menos 30 anos morava em Porto Alegre com o marido, três filhos, e duas netas. Cursando Direito aos 42 anos, era gerente de banca de advogados e diretora da Fundação Freitas de Siqueira.

Morador de Londrina havia oito anos, José Antonio Lima da Luz, 60, era gaúcho. Auditor contábil, foi um dos fundadores da Unicred. Casado, não tinha filhos. Estava voltando para casa, depois de visitar a mãe.

Natural de Londrina e morador de Maringá, o engenheiro Heurico Hiroshi Tomita, 51 anos, era casado e tinha dois filhos, de 18 e 21 anos. Era diretor do Sindimetal de Maringá e sócio das empresas Engelpem e Consolit.

Eduardo Mancia, 60, era consultor de empresas nas áreas de recursos humanos e gestão. Nasceu em Curitiba, mas morava e trabalhava em Porto Alegre havia cerca de 30 anos. Casado, era pai de quatro filhos e avô de quatro netos.

Natural de Peabiru (Centro-Oeste), Zenilda Otília dos Santos, 41, morava com a família em Natal (RN), havia quatro anos. Depois de passar férias na Serra Gaúcha com eles, morreu junto com o marido e os dois filhos.

Emerson Jairo Freitag, 33, era de Realeza (Sudoeste), mas migrou para Rondônia, onde tinha uma concessionária e administrava fazenda. Faria escala para Belo Horizonte. A esposa e o filho de dois anos pegaram outro vôo.

A tragédia do vôo 3054 da TAM espalhou tristeza por todo o Paraná, que se solidarizou com as famílias das vítimas. Mas em cinco municípios a dor foi maior. Curitiba, Londrina, Maringá, Peabiru e Realeza lamentam a perda de seus cidadãos. As informações divulgadas pela companhia aérea até o momento apontam que sete paranaenses morreram no acidente. Roberto Weiss Júnior, Soraya Charara, Heurico Tomita, José Antonio Lima da Luz, Zenilda Santos, Eduardo Mancia e Emerson Freitag tinham vínculos fortes com o estado. Parentes e amigos acompanharam aflitos a divulgação da lista de passageiros, as buscas e o doloroso processo de identificação dos corpos.

A comunidade japonesa, familiares, amigos, vizinhos e 70 funcionários estão de luto em Maringá. Heurico Hiroshi Tomita, 51 anos, nasceu em Londrina, mas estava na cidade há mais de 40 anos, onde conseguiu destaque no ramo da construção civil.

Ele gostava de cozinhar e apresentar aos amigos os sabores dos pratos orientais. "Ele era uma pessoa alegre", comentou a funcionária Dileuza Correa Martiliano. O relógio de pulso, a máquina fotográfica, o notebook e outros objetos pessoais que trazia consigo durante o vôo – e que ficaram pouco danificados – auxiliaram na identificação no Instituto Médico Legal. O corpo do engenheiro chegou à cidade na noite de sexta-feira e foi sepultado na tarde de sábado, no cemitério do Parque.

Até a manhã de sábado, mais dois corpos de paranaenses haviam sido identificados. O auditor contábil José Antônio Lima da Luz, de 60 anos, foi enterrado em Porto Alegre. Ele saiu de Londrina, onde morava há oito anos com a esposa e foi à capital gaúcha visitar a mãe, Hilda Lima da Luz, de 85 anos, que ficou internada por 90 dias e teve alta no dia do vôo. Debilitada, Hilda ainda não sabe da morte do filho. "É muita tragédia para uma senhora dessa idade", admitiu a irmã de Hilda, Nilza Nascimento Machado. Foi o segundo filho perdido em acidente. Há 20 anos, o filho do meio, Edson, então com 37 anos, morreu numa batida de carro. A irmã desconfia, no entanto, que o sexto sentido de Hilda está funcionando. "Ela, que falava muito, está bastante quieta desde que o marido morreu. Está muito mais observadora. Não sei como ainda não perguntou se o filho já ligou de Londrina. Ele ligava todos os dias. Vai ver que ela não pergunta para não ouvir a resposta que não quer", desabafou Nilza.

A tragédia interrompeu a carreira brilhante do curitibano Roberto Weiss Júnior, 38 anos, que comandava os 320 funcionários da concessionária Volvo no Rio Grande do Sul. O gerente da Dipesul, Joel Beckenkamp, tem certeza que Weiss fará muita falta. "Ele era um líder muito participativo, envolvente, inteligente e de muita capacidade. É uma grande perda para nós, como marca Volvo e como pessoas", diz. O corpo do executivo foi identificado na noite de sexta-feira e deve ser sepultado em Porto Alegre.

Os planos da curitibana Soraya Charara, 42 anos, para 2007 incluíam a esperada formatura em Direito. "Ela era admirada por todos pela facilidade em lidar com a responsabilidade sem perder a alegria e a serenidade", disse a jornalista Juliana Assur, de 26 anos, que trabalhava com Soraya numa banca de advogados.

A última visita de Eduardo Mancia à terra natal aconteceu em junho. Ele veio encontrar os três irmãos que moram em Curitiba. Agora, os parentes é que aguardam a identificação do corpo para ir a Porto Alegre, para o último encontro. Eduardo Mancia tinha 60 anos, era consultor de empresas nas áreas de recursos humanos e gestão e morava na capital gaúcha há proximadamente 30 anos, segundo o irmão Ernani Mancia, advogado, que escolheu ficar no Paraná. Abalado com a tragédia, ele comentou que o irmão morreu trabalhando, que é o que ele fazia desde os 14 anos de idade. Segundo o funcionário da Mancia Consultoria, Diego Alberton, até a confirmação da lista de passageiros foi grande a apreensão entre os empregados. "Não aprendi com mais ninguém tanto quanto aprendi com ele nos quatro anos em que trabalho aqui", completa.

Uma mudança de planos colocou a paranaense Zenilda Otília dos Santos, 41 anos, com o marido e os quatro filhos, no vôo 3054. A família estava em férias na Serra Gaúcha, com um pacote de viagens que terminava na quarta-feira. Mas no dia anterior, deixaram o grupo de 17 pessoas que viajavam junto e resolveram voltar mais cedo para casa, em Natal, no Rio Grande do Norte. "A viagem foi interrompida de forma estúpida", comenta muito consternada Elijane Ferreira, que trabalhava com Zenilda.

Emerson Jairo Freitag, 33 anos, também estava de férias com a família, mas decidiu tomar um rumo diferente. Administrador de uma fazenda – além de dono de uma revenda de carros – preferia ir a Belo Horizonte visitar uma feira de laticínios enquanto a mulher e o filho voltavam para Ji-Paraná, em Rondônia. Desde então, o clima é de comoção, de acordo com o amigo da família, jornalista Jairo Teixeira, na cidade de 120 mil habitantes.

Desaparecido

Os moradores da pequena Carambeí, com 17 mil habitantes, parecem não acreditar que a mesma desgraça se abateu novamente sobre a cidade. Há 11 anos, quando o Fokker 100 da TAM caiu em São Paulo, estava a bordo o empresário local Louwerinus Hoogerheide. Agora, tudo indica que o consultor aéreo Gustavo Pereira Rodrigues, de 23 anos, foi vítima do choque do Airbus com o prédio da TAM Express, onde trabalhava. Ele era contratado pela multinacional americana Bain & Company, que presta consultoria de negócios para a TAM e estava desenvolvendo um projeto logístico para o terminal de carga e descarga. Gustavo estava no terceiro andar e havia descido para o segundo piso para uma reunião com a direção da TAM Express. Os dois andares ficaram destruídos.

Nas ruas de Carambeí o principal assunto é o desaparecimento do rapaz. Garotos que brincavam com ele, meninos que estudaram com ele, todos comentam as relações que por muito tempo mantiveram com Gustavo e se mostram incrédulos com o desfecho da história. Ele estava noivo desde o início do ano e morava no bairro de Moema, nas imediações do aeroporto. O rapaz foi para São Paulo há cinco anos, estudar no concorrido Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Os familiares saíram de Carambeí, de carro, às pressas e o pai, Marcos Rodrigues, conta que ao ver o que restou do prédio da TAM Express não tem mais esperanças de encontrar o filho com vida.

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