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Se o auxílio-reclusão ajuda a contornar a crise financeira, não há remédio para o mal que a discriminação faz à vida das pessoas que possuem laços de sangue ou afetividade com um presidiário. O estigma muitas vezes acompanha os familiares para o resto da vida e os faz viverem marginalizados.

"As famílias de presos são a última plebe da sociedade", afirma o sociólogo Walter Cézar, presidente da ONG Sofre. Segundo ele, a família também é, de certa forma, aprisionada quando ocorre a condenação de um de seus membros. "O preconceito é muito grande. Geralmente, a pessoa até evita falar que é parente de preso", explica. "Isso é porta aberta para o crime", completa.

A situação difícil vivida pelos familiares inspirou a criação da ONG em 1992. "Fui a um presídio para conhecer como os presos viviam quando um agente penitenciário me falou sobre o sofrimento das famílias", recorda. Desde então, a Sofre trabalha a auto-estima dos familiares e os estimula a buscar seus direitos, como o auxílio-reclusão.

Com o apoio da ONG, a realidade de muitas famílias vêm mudando. "Conheço mulheres que trabalham a semana toda de diarista para poder levar um feijão com arroz para o detento comer no domingo", diz Terezinha Nunes, diretora da ONG que há 17 anos mantém contato com famílias de presidiários. A Sofre promove fóruns para reunir os familiares – o último ocorreu na semana passada na Biblioteca Pública. Eles trocam experiências, debatem formas de recuperar os presos e fazem denúncias de maus-tratos e desrespeito, que são encaminhadas pela entidade às autoridades competentes. "Tentamos sensibilizar as famílias e dar a elas uma luz de esperança", explica Cézar. (SLD)

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