Com o apoio de 23 famílias, a recém criada Associação dos Familiares das Vítimas do voo 447 entrará na próxima semana com pedidos no Ministério Público e na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que as autoridades brasileiras acompanhem as investigações francesas e intercedam no processo de pagamento do seguro aos familiares das vítimas brasileiras. No final de semana, representantes da entidade viajam para reuniões com famílias francesas e alemãs, em Paris e Berlim. Entre 216 passageiros do voo AF 447, 58 eram brasileiros.
"Em junho, nos reunimos com representantes do BEA (Escritório de Investigação e Análise francês) e percebemos que o volume de informações deles é muito maior do que o disponibilizado por nossas autoridades brasileiras. Apesar disso, as famílias europeias também reclamam da falta de transparência", afirmou o presidente da entidade Nelson Faria Marinho.
Segundo ele, algumas famílias brasileiras não receberam o aditamento da seguradora, no valor de R$ 48 mil. Este é o caso da família brasileira do passageiro Joseph Owondo, de 55 anos. "Meu pai tinha quatro filhos no Brasil, morava em Nova Jérsei, era gabonês e viajava para a Holanda. Até o momento, apenas os pais dele foram contatados no Gabão pela Interpol. Não recebemos nenhum contato aqui no Brasil e muito menos recebemos o seguro. Vamos aguardar antes de qualquer medida judicial", disse o filho mais velho da vítima, o estudante de Direito Sylvain Owondo, de 28 anos.
A entidade quer fazer a interlocução entre parentes e autoridades, mas os processos de indenização vão ficar a cargo dos parentes das vítimas. A tendência entre os familiares é ingressar com ações na Justiça dos Estados Unidos, que funciona como corte internacional no caso de desastres aéreos.
"É um caso complexo. O avião foi construído por um consórcio entre França e Inglaterra com muitas peças fabricadas nos Estados Unidos. Minha família optou por um escritório internacional que deve ingressar com uma ação nos Estados Unidos No Brasil e na França, os processos são mais demorados", afirmou Marinho.
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