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Avaliação de especialistas

Crescimento depende de todos

Se em um passado recente o Estado era visto como único responsável por suprir as necessidades da população, hoje o que se vê é o surgimento de uma sociedade civil organizada ou não que procura se unir em prol de soluções, diz a professora de Economia Ana Lúcia Jansen de Mello Santana, coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre o Terceiro Setor da Universidade Federal do Paraná. "Cada um cuida de todos para ter uma vida em comum, para o maior bem-estar. É o início das redes comunitárias de sobrevivência."

Essa é a ideia da Rede Local de Desenvolvimento. A experiência proporcionada pelo projeto é fundamental para criar agentes de participação. "O projeto efetivamente pode contribuir e muito, tanto para grandes cidades, quanto para comunidades locais. O importante são os resultados", afirma Ana Lúcia.

Para o professor na área de gestão urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Tomas Moreira, projetos como esse fortalecem a comunidade e acabam propiciando o crescimento geral. Porém, ele lembra que o grande exercício é entender a estrutura da comunidade, respeitar a dinâmica e as características locais. "O segredo é construir o processo; saber ouvir o outro e gerenciar os conflitos para conseguir ter a cidade que se quer morar." A dinâmica é importante para que cada um dos envolvidos consiga delimitar como quer ver a cidade onde mora.

Para os 2 mil moradores da Vila Santana e Barretos, no bairro Olarias, em Ponta Grossa, o im­­pacto da Rede de Desenvolvi­mento Local tem sido significativo. As mudanças ocorridas em dois anos de projeto mostram que a parceria entre a comunidade e a iniciativa privada veio para ficar.

Para o presidente da associação de moradores da vila, Paulo Sérgio dos Santos, o resultado é visto no dia a dia. Atualmente, 105 crianças e adolescentes são assistidos pelo projeto "Cidadão do Futuro". Os jovens participam de escolinhas de tae kwodo e futebol, além do grupo de fanfarra. A iniciativa havia nascido há seis anos, mas ganhou força com a adesão à Rede. "Tínhamos muita vontade de mudar, mas estávamos perdidos. Pre­cisávamos de métodos", admite o líder.

Método

O grupo de fanfarra reúne hoje 30 crianças e adolescentes. Para que a ideia saísse do papel, o primeiro passo foi buscar parceiros. Foi por meio da internet que conseguiram apoio para comprar os primeiros uniformes e ter acesso a instrumentos musicais. Entre­tanto, para participar das aulas de música é preciso seguir regras; e uma delas é ter boas notas na escola.

Outras normas geraram polêmica. Ficar na rua depois das 20 horas foi um dos vetos, já que a região tem problemas com drogas e criminalidade. Outra regra determinava que o jovem deveria ser obediente ao professor. Santos lembra que foram regras que enfrentaram dificuldades iniciais, mas hoje não encontram mais resistência.

Futuro

Os sonhos da comunidade para 2011 vão longe. Para os primeiros meses do ano, uma turma de balé deverá ser aberta. O programa já tem 30 meninas inscritas, entre 6 e 16 anos. "Queremos agradar a comunidade para que ela fique do nosso lado e perceba as mudanças. Quando os moradores começam a gostar, eles vêm até nós", explica Santos.

Outro desejo que deve se concretizar no próximo ano é a formação do grupo dos 30. "Que­remos sair da visão de bairro e buscar uma visão de cidade", esclarece. Para isso, a associação pretende reunir 30 lideranças comunitárias entre as 180 associações existentes no município para que criem e implantem novos projetos. "Saímos da preocupação com o saneamento e transporte. Estamos querendo ir além. Construir um futuro para daqui a dez anos é pensar nos filhos como cidadãos. O sonho não se constrói do nada, precisa de sementes e regá-las constantemente."

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