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Há exatos 180 dias, o Paraná encerrava o abate dos 1.728 animais da Fazenda Alto Alegre, em Loanda (Noroeste), pondo fim ao sacrifício de um total de 6.781 bois supostamente contaminados pela febre aftosa no estado. Isso significa que, a partir deste domingo, o Paraná pode finalmente buscar o reconhecimento de "área livre de aftosa com vacinação", junto à Organização Internacional de Epizootias (OIE). A recuperação desse status – que o estado manteve por cinco anos – deve facilitar o trabalho de reconquista dos clientes internacionais perdidos nos últimos onze meses.

Desde 10 de outubro de 2005, quando foram confirmados focos de aftosa em Mato Grosso do Sul – 11 dias depois o Paraná notificou suspeitas da doença –, os produtores paranaenses deixaram de exportar US$ 289 milhões em carne de boi, porco e frango, em função de embargos decretados por 56 países. Pelo câmbio de ontem, o valor equivale a R$ 635,8 milhões. Os cálculos são do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne).

Mas a recuperação do mercado perdido ainda pode demorar mais um pouco, por conta de pendências entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Antes de enviar à OIE o dossiê que relata todas as providências tomadas desde os primeiros casos da doença, o Mapa precisa liberar 95 fazendas que permanecem interditadas na região de Loanda. Somente após avaliar o dossiê é que a OIE decidirá se concede ou não o status de área livre ao estado. A próxima reunião extraordinária da organização será realizada neste mês, mas dificilmente o caso paranaense será avaliado a tempo. O problema é que, a cada dia que passa, o Paraná deixa de exportar US$ 855 mil (R$ 1,88 milhão), segundo estimativa do Sindicarne.

O secretário nacional de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, disse neste sábado que as propriedades interditadas devem ser liberadas "em breve". "Estamos aguardando mais algumas informações sobre a evolução e a saída do rebanho na área interditada, para que possamos fazer o controle de rastreabilidade", disse Maciel. "Acredito que receberemos essas informações em menos de duas semanas e, assim que isso acontecer, vamos dar prioridade total à análise do caso do Paraná."

O secretário estadual da Agricultura, Newton Pohl Ribas, demonstrou impaciência frente às exigências do governo federal. No último dia 8, ao anunciar a liberação de 481 propriedades que estavam em um raio de dez quilômetros em torno de pontos suspeitos de doença no estado, Ribas havia anunciado que o Mapa provavelmente liberaria a área de Loanda até esta semana. "Estamos enviando ao ministério todas as informações solicitadas. Mas o ministério está sempre pedindo mais informações, mais informações", reclamou Ribas.

Atritos entre Seab e Mapa são comuns desde o início da crise da aftosa. Embora tenha notificado suspeitas da doença, o Paraná não admitiu, após os primeiros exames, a existência do vírus no estado. Seguindo a recomendação da OIE, segundo a qual "suspeita" já pode ser considerada "foco", o ministério insistiu na tese de que o Paraná tinha a doença – e confirmou à OIE a ocorrência de aftosa. No entanto, desde outubro de 2005, foram colhidas 11.819 amostras de sangue dos animais para a identificação da aftosa nas regiões suspeitas, e nenhuma deu resultado positivo.

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