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Passageiros e visitantes observam nevoeiro no Aeroporto Afonso Pena: “Imagine na Copa” | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Passageiros e visitantes observam nevoeiro no Aeroporto Afonso Pena: “Imagine na Copa”| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Decola?

Reivindicação antiga, ILS3 é vista com ceticismo

A Infraero afirma que tem feito os investimentos necessários para a instalação do ILS3 no Aeroporto Internacional Afonso Pena, mesmo descartando a aplicação do sistema antes da Copa do Mundo de 2014. Um radar de superfície, por exemplo, já teria sido adquirido.

A Infraero não detalha, porém, quais medidas serão tomadas para evitar possíveis atrasos e cancelamentos no próximo ano, durante o período dos jogos.

Mesmo com um prazo maior, a instalação do ILS 3 é vista com ceticismo. O empresário Valmor Weiss, do grupo de trabalho Pró-Aeroportos do Paraná, lembra que a promessa vem desde a década passada. Para ele, a rotina de atrasos e cancelamentos de voos será mantida durante a Copa. "Não haverá mudança nenhuma. Se o aeroporto fechar com os nevoeiros, não tem reza braba que melhore", diz.

Ex-controlador de voo e conselheiro do Instituto de Engenharia do Paraná, o engenheiro civil Meron Kovalchuk reforça que, ao invés do ILS 3, deveriam haver esforços para melhorar o número de pátios de aeronaves e a qualidade e tamanho das pistas de taxiamento. Em momentos críticos, forma-se uma espécie de gargalo no aeroporto: cada viagem em atraso compromete o voo seguinte, uma vez que os aviões não podem pousar enquanto houver outra aeronave se deslocando na pista. "Alguns atrasos se dão por excesso de aviões, não por nevoeiro. Para mim, o problema é mais de infraestrutura do que meteorológico. Sei de pessoas que chegaram a ficar 20 minutos passeando por cima do aeroporto", reforça.

1.514 é a previsão do número de passageiros por hora, em voos domésticos, durante a Copa do Mundo de 2014. A capacidade atual é de 810. Os embarques nos voos internacionais devem ultrapassar em quase quatro vezes o total de passageiros atendidos hoje, que é de 60 usuários por hora. As projeções são da Infraero e reforçam urgência de obras no Aeroporto Afonso Pena.

Velho conhecido dos passageiros do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, os nevoeiros voltaram a causar atrasos e cancelamentos de voos nas últimas semanas. A ocorrência do fenômeno, comum nos meses de junho e julho, mais uma vez coloca em alerta autoridades e viajantes para a movimentação no terminal durante a Copa do Mundo de 2014 – preocupação acentuada por mais um adiamento da instalação do sistema de navegação ILS 3, que permitiria a aterrissagem das aeronaves mesmo com nevoeiros.

INFOGRÁFICO: Confira o número de atrasos e cancelamentos no Afonso Pena

O sistema permite pousos sem qualquer visibilidade da pista e sem restrição de teto. Ano passado, a Infraero anunciou que o ILS 3 entraria em funcionamento no Afonso Pena a tempo do Mundial de 2014, mas a instalação foi mudada para dezembro do ano que vem. O mesmo prazo também foi adotado para o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro – a diferença é que a Infraero já lançou licitação para o terminal carioca, o que ainda não ocorreu em São José dos Pinhais.

De acordo com levantamento feito pela Gazeta do Povo, com base em dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os atrasos de voos são mais frequentes entre abril e julho, período que compreende os jogos da Copa no ano que vem. O campeonato começa em 12 de junho e segue até 13 de julho. Em junho do ano passado, por exemplo, dos 558 voos que saíram de Curitiba a Congonhas, 33% apresentaram problemas, sendo que 14% foram cancelados e 19% registraram atrasos entre 30 e 60 minutos.

O trecho é o que possui mais voos disponíveis no Afonso Pena. Em setembro do mesmo ano, o número de cancelamentos foi de 5% e o de atrasos, 7%. O meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar, Lizandro Jacobsen, lembra que a localização do aeroporto, a 900 metros acima do nível do mar, favorece a ocorrência de nevoeiros. O fenômeno ocorre normalmente durante a madrugada e nas primeiras horas da manhã, quando há condensação do ar devido às baixas temperaturas aliadas à alta umidade.

Foi o que ocorreu na primeira sexta-feira deste mês, quando o Afonso Pena ficou fechado para pousos das 21h40 até as 9h25 de sábado, período em que pelo menos dez voos foram cancelados – o equivalente a 37% do total. Uma semana antes, outro nevoeiro fechou o aeroporto por três horas, durante o início da manhã, em um sábado. Na ocasião, 15 dos 35 voos domésticos previstos foram cancelados.

Em aberto

"Corredor da Copa" vai chegar atrasado e custando mais caro

O Corredor Rodoferroviária-Aeroporto Internacional Afonso Pena, essencial para desafogar o trânsito entre Curitiba e São José dos Pinhais, é outro projeto que suscita preocupações. Prefeitura e governo do estado prometem que a revitalização da Avenida das Torres ficará pronta a tempo da Copa do Mundo, mas somente às vésperas do Mundial, em abril. O governo federal, por meio de seu Portal da Transparência, prevê o término da obra para maio, um mês antes dos jogos. O cronograma inicial dizia que o corredor estaria pronto em dezembro do ano passado.

O corredor é o principal eixo de ligação do aeroporto à Rodoferroviária de Curitiba. Concentra, também, o tráfego de veículos que se deslocam rumo ao litoral catarinense pela BR-376, tornando-se palco de congestionamentos frequentes, em especial nos horários de pico da tarde e nos fins de semana. Para dar maior fluidez ao trânsito, serão retirados sinaleiros e torres de energia para implantação de mais uma pista, nos dois sentidos.

A prefeitura de Curitiba é responsável pela maior parte da obra, no trecho da Vila Torres até a divisa com São José dos Pinhais. Atualmente, os serviços estão concentrados na trincheira da Rua Guabirotuba e no viaduto estaiado. No início do mês, foi lançado o edital para a pavimentação de quatro trechos do corredor. A licitação será feita por meio do Regime Diferenciado de Contratação (RDC) e as propostas serão entregues na próxima sexta-feira.

Assim como em outros projetos do PAC da Copa, o Corredor Aeroporto-Rodoferroviária teve o custo total inflado desde a assinatura da Matriz de Responsabilidades, em 2010. O valor inicial da obra, que era de R$ 107,2 milhões, chegou a R$ 160,3 milhões – um aumento de 49%.

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