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Para o gerente de farmácia Demilson de Ávila, as novas regras sobre a venda de antibióticos não foram bem divulgadas | Gilberto Abelha / Gazeta do Povo
Para o gerente de farmácia Demilson de Ávila, as novas regras sobre a venda de antibióticos não foram bem divulgadas| Foto: Gilberto Abelha / Gazeta do Povo

Desde o último domingo, as farmácias em todo o Brasil só podem vender antibióticos mediante retenção de receita médica. A nova regra foi estabelecida pela Re­­solução n.º 44 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A medida tem o objetivo de diminuir a automedicação e combater os casos de resistência bacteriana.

A partir de agora, 93 antibióticos listados pela Anvisa só poderão ser comprados se o paciente apresentar uma receita médica em letra legível e sem rasura, com informações específicas sobre nome do medicamento ou substância, dosagem, concentração, forma farmacêutica, quantidade e posologia. A receita, que terá validade de apenas dez dias, também deverá conter nome completo do paciente e dados profissionais do médico. Em resumo: comprar um antibiótico agora será tão complicado quanto comprar um psicotrópico. Entre os remédios relacionados pela Anvisa, estão amoxicilina, azitromicina, benzetacil, cefalexina, neomicina, eritromicina, penicilina G, tetraciclina e eritromicina.

O gerente de farmácia De­­milson de Ávila, há 38 anos no ramo, afirma que os meios de comunicação precisam divulgar mais as novas regras da Anvisa. "Ainda é cedo para dizer, porque as regras só começaram a valer no domingo, mas muitos que chegam à farmácia hoje não sabem que precisam de receita para o antibiótico."

A coordenadora do Conselho Regional de Farmácia em Londrina, Sara Iara Sterza, defende a resolução da Anvisa e informa ter promovido seminários para orientar os profissionais da área sobre as novas regras. "As farmácias ainda têm algumas dúvidas sobre os procedimentos formais, mas em geral têm visto a mudança com bons olhos", diz Sara.

Segundo Ávila, até domingo passado, metade dos antibióticos era vendido sem receita no estabelecimento em que ele trabalha. Agora, para atender à determinação da Anvisa, o gerente já separou os medicamentos listados em uma prateleira na sobreloja. "Assim mantemos o controle e evitamos erros."

Outro problema – este mais grave – é o provável aumento da demanda no Sistema Único de Saúde (SUS). "Não sei se a saúde pública está preparada para o au­­mento no número de consultas", alerta empresário Rubens Bene­­dito Augusto, dono da rede de farmácias Vale Verde. "De qualquer maneira, estamos respeitando a nova regulamentação. Antibió­­tico, só com retenção de receita."

Quanto aos efeitos no SUS, só o tempo dirá. Mas fica o alerta do presidente do Conselho Federal de Farmácia, Jaldo de Souza Santos: "Como ficará a situação de uma criança ardendo em febre, com amigdalite ou infecção intestinal, e que não consegue atendimento médico? Uma infecção não pode esperar!"

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