Fazer o bem sem olhar a quem

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Copeira do Hospital Santa Cruz há 22 anos, Sueli do Rocio Cuman, 56 anos, tem uma missão diferente todo fim de ano. Ela é o Papai Noel de quase 2 mil crianças carentes em comunidades pobres da região metropolitana. Desde 2001, Tia Su, como é conhecida, arrecada brinquedos e doces e faz a entrega na época do Natal. Começou cotizando funcionários do hospital e a vizinhança do São Brás, onde mora. Há quatro anos, ganhou o apoio da instituição, que produz e vende camisetas para comprar os presentes. Uma árvore enfeitada com os dados das crianças beneficiadas também fica exposta no hospital. Qualquer pessoa pode participar da ação solidária da Tia Su e fazer a doação. A entrega é por conta dela, devidamente paramentada com a roupa de Papai Noel que ganhou da direção do hospital. "É gratificante ver a felicidade no rostinho das crianças. Se cada um fizesse um pouco pelo outro, o mundo seria melhor", diz.

A felicidade que Tia Su sente ao se dedicar a desconhecidos pelo prazer de praticar o bem também vai ajudá-la a viver mais e melhor. Um estudo da VA Medical Center e da Universidade da Califórnia, nos EUA, concluiu que o trabalho voluntário prolonga a vida dos mais velhos. Mais de 6 mil aposentados com mais de 65 anos foram avaliados pelos pesquisadores. Em quatro anos, 12% dos que faziam voluntariado faleceram, contra 26% dos não voluntários. A taxa de morte não tinha relação com poder econômico, doenças crônicas e limitações funcionais. Sem razões conclusivas, o estudo indica que a ampliação da rede social e a melhoria da autoestima são fatores fundamentais para uma vida mais longa para quem pratica solidariedade.

A palavra "solidário" vem do latim sólidus, antiga moeda de ouro maciço, que significava qualidade, valor permanente, resistência e durabilidade. Era um bem valorizado e procurado por todos. É com esse conceito que o Movimento dos Idosos Solidários (MIS) justifica a sua formação. Criado há dois anos em São Paulo, o MIS surgiu com enfoque em treinamento de cuidadores de idosos, principalmente aqueles que se dedicam a pacientes acamados. A entidade produziu e distribuiu um vídeo com as orientações de cuidados com idosos doentes. Foram 12 mil cópias para 300 entidades em todo o país. Entre as bandeiras defendidas pelo coordenador, o médico geriatra aposentado Oscar Del Pozzo, está a atuação do idoso como protagonista de suas ações. Essa atitude é a chave para conquistar o devido reconhecimento da sociedade sobre suas demandas e necessidades, explica o médico.