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“Carta de Salvador”

Federação de advogados pede arquivamento de proposta do Novo Código Civil

Federação de advogados pede arquivamento de proposta do Novo Código Civil
Federação dos Institutos dos Advogados (Fenia) lança “Carta de Salvador” contra o projeto que estabelece a reforma do Código Civil. (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)

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A Federação dos Institutos dos Advogados (Fenia) solicitou formalmente o arquivamento do projeto de lei (PL 4/2025) que estabelece a reforma do Código Civil. A entidade classificou o projeto como um dos "mais perigosos projetos de alteração legislativa" em tramitação no Congresso Nacional.

A Fenia divulgou uma nota oficial, chamada “Carta de Salvador”, alertando que a advocacia brasileira não pode "permanecer silente diante de ameaça tão grave ao Estado Democrático de Direito e aos valores fundamentais da sociedade brasileira". De acordo com a Federação, o “Novo Código Civil” abre as portas para um ativismo judicial exacerbado.

“Em oposição aos anseios por segurança jurídica, o projeto amplifica perigosamente o ativismo judicial. O Novo Código Civil é repleto de expressões vagas e indeterminadas, o texto é ambíguo, nebuloso e sujeito a interpretações ideológicas, voláteis e inseguras”, diz o documento.

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Para a Fenia, a nova legislação confere à jurisdição “poderes quase ilimitados”, que permitiriam aos juízes reescrever contratos, reinterpretar a história e restringir liberdades.

“O capítulo do ‘Direito Digital’ cria um marco regulatório de rigor excepcional, que não encontra correspondência nas democracias consolidadas, com impactos particulares para as empresas estrangeiras”, apontou a entidade.

Segundo o representante de institutos de advogados, a nova lei “pode intensificar as tensões já existentes nas relações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos, potencializando o risco de medidas retaliatórias”.

Novo Código Civil pode ameaçar responsabilidade civil

A carta destaca que a “nova abordagem da função social do contrato e da lesão”, prevista na proposta, “tem potencial para destruir a segurança jurídica dos contratos no Brasil”.

A Federação argumentou que “a responsabilidade civil foi sensivelmente modificada, ampliando os custos para o cidadão e para as empresas”, com a introdução de “figuras jurídicas que fragilizam profundamente as relações pessoais e familiares”.

A entidade considera que o PL 4/2025 normaliza a “barriga de aluguel” e a “estipulação de um novo divórcio por ato unilateral, extrajudicial, similar à figura do repúdio, encontrada nos povos antigos e especialmente utilizada em desfavor das mulheres”.

A Fenia também critica a forma como o projeto foi elaborado e sua tramitação. Cerca de 1200 artigos foram produzidos em um "exíguo tempo de seis meses", um período considerado desproporcional à magnitude das alterações.

O documento menciona a promessa, veiculada em meios de comunicação, de uma "tramitação célere", rito que é incompatível com a proposição de novos Códigos. A Federação enfatizou que "talvez nem 1200 páginas fossem suficientes para demonstrar o prejuízo causado pelos 1200 artigos projetados".

Diante dessas preocupações, a Fenia disse que a “Carta de Salvador”, destinada à sociedade e ao Congresso Nacional, não só pede o arquivamento da proposta, mas também exige que qualquer futura discussão sobre eventual mudança do Código Civil seja precedida de amplo e efetivo debate, contando com a participação de todos os segmentos da sociedade e "tempo adequado para uma reflexão madura".

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