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A feira livre dos Cinco Conjuntos, realizada todos os domingos na Avenida Saul Elkind, zona norte de Londrina, na região norte do paraná, já é tradicional. É realizada há pelo menos 25 anos e reúne cerca de 250 barracas que atraem multidões. Porém, a maioria do público não é atraída pelos produtos hortifrutigranjeiros vendidos ali, em cerca de 60 barracas. Os compradores se concentram mesmo nas 41 barracas (16,4% do total) de CDs e DVDs piratas, nas 14 de cigarros contrabandeados do Paraguai (5,6%) e nas que vendem roupas, óculos, brinquedos e até perfumes – alguns falsificados grosseiramente, outros nem tanto. O local é o paraíso dos produtos piratas.

A reportagem do JL passou parte da manhã de domingo circulando pela feira e conversando com vendedores e clientes. A maioria diz que a feira só sobrevive até hoje porque os vendedores de CDs e DVDs piratas descobriram a região há alguns anos. "Antes tinha roupas e brinquedos também, mas o movimento vinha caindo. Acho que de uns três ou quatro anos para cá é que deu uma animada de novo, quando este povo começou a aparecer com os piratas", explicou o dono de uma banca de café moído na hora.

"Acho que, se não fosse os vendedores de DVD, a feira já tinha até acabado", concordou uma vendedora de frutas. Segundo ela, é muito difícil concorrer com os supermercados e sacolões. "O pessoal vem mais ver estas coisas importadas do que fazer a feira. Alguns acabam levando uma frutinha também e a gente vai sobrevivendo", disse.

Jane, que vende tênis Nike - último modelo - por R$ 55 em sua barraca, tem um box em um dos camelódromos no centro de Londrina. Mas não perde uma feira no domingo. "Dá para tirar um dinheirinho bom", explicou. Para quem não compra ali, mas se mostra interessado nos produtos, a vendedora distribui cartões comerciais com o nome e o endereço de sua loja. E recomenda: "Passa lá".

A concorrência desleal também chegou entre os vendedores de CDs e DVDs. Nas 11 quadras pelas quais a feira se estende, é possível perceber que alguns fazem de tudo para conquistar a freguesia. De fornecer aparelhos para testar os DVDs, passando por ligar o som no último volume até promoções "imperdíveis", como cinco DVDs por R$ 10. "Eu sou um dos mais antigos aqui no pedaço, estou aqui todos os domingos, as pessoas me conhecem, dou garantia dos meus produtos", afirmou Osvaldir. Ele reclamou que a invasão de "sapos de fora" está acabando com seu negócio. "O cara que vende cinco DVD por R$ 10 não está nem aí se foi bem gravado ou não, não dá garantia nenhuma. Quem compra deste povo depois vem reclamando pra mim", disse.

Antônio é outro que reclamou da concorrência. "Já venho aqui há quase um ano e dava para tirar um dinheirinho bom com os DVDs. Agora só pinga uns trocos. De uns tempo para cá tem muita gente vendendo pirata. Acaba ficando ruim pra todo mundo", reclamou.

Raramente os fiscais aparecem

Caminhar pelas 11 quadras da feira livre dos Cinco Conjuntos é como participar de uma corrida com obstáculos, espremido em um corredor de dois metros e meio de largura, cercado por barracas de ambos os lados. Há gente de todos os tipos: idosos, casais, jovens, crianças, bebês, pedintes, seguranças da própria feira e até policiais militares. Fiscais, no entanto, são raros.

"De vez em quando aparece um grupo e recolhe umas coisinhas. Mas são só eles virarem as costas, nós estamos aqui de novo", disse Júnior, um jovem que vende, além dos CDs e DVDs, cigarros contrabandeados. Ele já chegou a perder mercadoria para a fiscalização. "Mas depois que eles vêm uma vez, demoram pra voltar", afirmou.

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