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Lídio Speke participou das brincadeiras do maître Israel Fonseca, em Morretes | Antônio More/Gazeta do Povo
Lídio Speke participou das brincadeiras do maître Israel Fonseca, em Morretes| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Antonina

Encenação é aposta para atrair visitantes

A aposta de Antonina para atrair os turistas está voltada para a encenação de A paixão de Cristo segundo Antonina, que será apresentada hoje, às 20 horas, em vários pontos da cidade. A montagem, que está na sétima edição, contará com a presença de 250 figurantes e 50 artistas e produtores. A peça é vista como uma chance de reerguer a autoestima dos moradores.

O idealizador e diretor da peça, Rafael Camargo, nascido em Antonina, conta que chegou a pensar em não realizar a encenação devido ao desastre. "Pensamos se deveríamos fazer essas pessoas gastarem energia com a peça", diz. "Mas aí vimos que ela une a cidade, faz com que ela se fortaleça e lute para continuar. Foi bom não ter desistido."

Entre os envolvidos, muitos perderam tudo, como César Broska, funcionário da prefeitura e coordenador do evento. "Perdi tudo dentro de casa, inclusive os figurinos e outros materiais da peça. Construímos muita coisa de novo", conta. Muitos figurinos foram refeitos com material reciclado, como caixas de leite e palitos de sorvete, pelas mãos do figurinista Aldice Lopes. "A peça é um esforço de muita gente, que se dedicou de verdade. Esperamos que as pessoas venham vê-la e prestigiar esse empenho."

Ontem, véspera da encenação, o fiscal tributário Sérgio Luis Gonçalves acertava os detalhes de seu figurino de soldado e comentava que os colegas esperavam a descida em massa dos turistas. "A peça simboliza uma renovação. Isso é o que Antonina está buscando. A vida tem de continuar." A encenação contará com um narrador vestido de bombeiro, símbolo da luta pela sobrevivência. (VP)

Serviço

A peça A paixão de Cristo segundo Antonina começa hoje, às 20 horas, na Igreja de São Benedito e será encerrada na colina da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar.

O feriado prolongado de Páscoa e Tiradentes começou animador para os comerciantes de An­­tonina e Morretes, arrasadas pelas chuvas de março. As duas cidades litorâneas esperavam ansiosas a visita dos turistas e comemoraram o movimento crescente que tomava conta das ruas na tarde de ontem. Na área histórica de Morretes, restaurantes e pousadas lotaram. Em An­­tonina, um pouco mais calma, as pessoas se concentraram na região do Mercado Municipal.

O tempo ajudou. Apesar da previsão de chuva, o sol esteve presente na maior parte do dia. As palavras dos comerciantes deixaram claro o sentimento de todos: alívio. "O turista está vindo. Ainda com um pouco de medo, mas não temos do que reclamar. Claro que pode melhorar, mas estamos contentes e aliviados", resume a proprietária do Hotel Porte Real Palace, de Morretes, Stella Cavagnoli.

O casal Sirlei e João Carlos Moschem, funcionária pública e corretor de imóveis de Floria­­nópolis (SC), se surpreendeu com a rapidez com que os hotéis foram ocupados em Morretes. Na semana passada, foram informados por telefone de que ainda havia muitas vagas. Resolveram não fazer reserva e, quando chegaram à cidade, quase não havia quartos disponíveis. "Vimos na televisão o apelo dos moradores e resolvemos ajudar. Também nunca tinha vindo aqui", diz Sirlei.

Já o casal Vanessa Simonetti e Robson Lopes, funcionária pública e supervisor de vendas de Curitiba, tiveram problemas com a reserva em um hotel e tiveram de desistir de Morretes. Logo após chegar à cidade, ainda decidiam se mudavam o roteiro para Antonina ou iam à praia. "Preferia um lugar calmo, até porque queremos ajudar na reconstrução, mas está tudo lotado. Ligamos para mais de 15 pousadas", diz Lopes.

Barreado

Os restaurantes foram ainda mais beneficiados pela disposição dos turistas. Isso porque mesmo os que desceram a Serra do Mar para voltar no mesmo dia fizeram questão de comer o barreado. Foi o caso da família do administrador Lídio Speke, de Curitiba, que visitava Morretes pela primeira vez com a esposa, filhos e irmãos de Irati. "Viemos para conhecer e ajudar."

No almoço, no Restaurante Madaloso, Speke foi alvo das brincadeiras do maître Israel Ribeiro da Fonseca, o Leleco, que costuma erguer um prato com barreado e farinha virado sobre a cabeça dos clientes, como se fosse derrubá-lo. Feliz com a visita dos turistas, Leleco passou em todas as mesas para divertir os clientes. "Fiquei uma semana sem trabalhar. Em 35 anos, isso nunca me aconteceu."

Em Antonina, a artesã Josiane Fernandes também se sentia aliviada pelo movimento na loja da Associação de Artesãos de Anto­nina, que funciona dentro do Mercado Municipal. Nas últimas semanas, as vendas despencaram. "Parecia uma loja fantasma. Agora está bem melhor. Não tão bom como na última Páscoa, mas só tenho a agradecer."

O píer recém-construído ao lado do Mercado Municipal estava movimentado à tarde. Entre os visitantes, estava a família do empresário Maurício Ribeiro, de Curitiba. "Viemos para ajudar e acho que contribuímos, afinal, são quase 20 pessoas para comer e comprar", brinca.

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