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Preços e barulho irritam turistas

Se a ausência do sol desanimou alguns, outros ficaram irritados com alguns problemas comuns do litoral paranaense. O decorador Israel Mattos, 32 anos, de Santo Antônio da Platina, estava nervoso no Balneário Riviera, em Matinhos. Ao passar com seu carro por um quebra-molas existente no local, ele teve avarias na suspensão do carro. "É um absurdo um quebra-molas desses. Não tem sinalização nenhuma e está fora de todos os parâmetros legais. Quem vai pagar meu prejuízo?", reclamou.

Em Caiobá, Ricardo Simino, 40 anos, sócio-gerente de um auto center, já havia atendido nove clientes com avarias na suspensão e escapamento de veículos até o meio-dia de ontem. "Estes quebra-molas estão construídos de forma irregular. Alguns são feitos pelos próprios moradores e a maioria não tem sinalização" disse.

O valor de refrigerantes e de alimentação nas praias também foi motivo de reclamação. "Uma família de três pessoas gasta uns R$ 80 para comer em um restaurante comum", reclamou Tâmara Regina de Araújo, 36 anos, de Marialva. "Está tudo caro, desde os mais simples salgados até os refrigerantes, que estão custando em média R$ 3" apontou.

Pelotões da Polícia Militar foram acionados insistentemente por moradores e turistas que reclamam do som alto em carros. "Abordamos os infratores, mas há muitos casos de reincidência. Alguns indivíduos descem para o litoral achando que aqui não é necessário respeitar as leis", lamenta o capitão César Kamakawa, comandante da Companhia das Praias do 9.º Batalhão da PM.

Animada com as previsões de sol e calor divulgadas pelos serviços de meteorologia, a maior parte dos turistas que chegou ao litoral paranaense para o feriado prolongado ficou surpresa ontem ao olhar para o céu nublado, com chuviscos pela manhã. Mesmo assim, os veículos continuaram descendo a serra. A Ecovia contabilizou o maior pico de tráfego por volta das 10 horas de ontem, quando houve o registro da passagem de 2,7 mil automóveis por hora. José Carlos Chicarelli, presidente do Sindicato dos Bares, Restaurantes e Casas Noturnas do Litoral (Sindilitoral), estima que cerca de 180 mil pessoas devam permanecer nas praias paranaenses até domingo.

Sem a presença do sol e com a temperatura amena, oscilando entre 15 e 24 graus, os turistas tentaram encontrar alternativas para desfrutar o feriadão, nem que para isso tivessem de circular pela areia vestidos com agasalhos e até blusas de frio. No calçadão da Avenida Atlântica, em Caiobá, alguns aproveitavam para caminhar ou andar de bicicleta. Ali, o tempo fechado contribuiu para a alegria de Edson Pereira, 29 anos, que faz a locação de bicicletas coletivas. Ele estava satisfeito. Até as 11 horas da manhã, Pereira, morador de Matinhos, já havia realizado dez locações. "O pessoal não tem como ir para a água e prefere passear com a família, para não ficar parado", disse. Pereira cobra R$ 10 pela locação da bicicleta – com capacidade pa-ra transportar seis adultos e uma criança – durante 15 minutos.

Aproveitando o movimento na orla, o administrador José Balan, 55 anos, de Curitiba, divulgava seu hobby: o aeromodelismo. Manejando o rádio de seis canais, ele controlava o pequeno avião de isopor e fibra que sobrevoava a areia. Quando o aeromodelo aterrissava suavemente, ele explicava o passo-a-passo do hobby às pessoas que o cercavam. "O aeromodelismo é um excelente passatempo e o custo não é tão alto como as pessoas imaginam", falou. A ausência do sol nem foi sentida pelo administrador. "Estaria fazendo a mesma coisa se o tempo estivesse quente. Mas, com este tempo, um número maior de pessoas presta atenção nas minhas explicações", afirmou.

Enquanto isso, o representante comercial Amadeu Neto, 36 anos, de Cascavel, estava na areia com a filha Emanuelle, 10 anos. Para Neto, o importante é o período de descanso. "Até a noite de domingo não tenho relógio e não atendo celular; só me importa descansar nestes dias", disse. O representante comercial e a família enfrentaram tráfego pesado entre Cascavel e o litoral na tarde de quinta-feira. "Foram doze horas de viagem de lá até aqui. Com ou sem sol, vou descansar", afirmou.

Já o universitário Pedro Paulo de Oliveira, 22 anos, não estava muito disposto a descansar e reclamava do clima. "Economizei uma graninha para descer para a praia, conferi na internet a meteorologia; estava tudo ok. Agora está esse tempo aí. E o pior: sem praia, o que fazer por aqui? Não rola nada nesse litoral", afirmou. Ele já considerava uma mudança de planos: "Se o tempo permanecer assim vou me mandar para Santa Catarina; pelo menos lá, mesmo que chova, tem um agito." A previsão para hoje também é de céu nublado.

Em Guaratuba, os proprietários de quiosques aproveitaram para faturar com o que pode ser o último feriado para a comercialização de alimentos e bebidas na orla, em seus atuais estabelecimentos. Na próxima segunda-feira, eles terão de deixar o local, segundo o gerente regional no Paraná da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Dinar Vaz. A desocupação do local deve ocorrer com o auxílio da Polícia Federal. Ainda ontem, apesar da decisão da SPU –, responsável pela área a ser desocupada – os "quiosqueiros", como são conhecidos, não acreditavam na retirada de seus estabelecimentos do local. "Vai ter muita confusão se realmente eles vierem aqui com essa intenção", afirmou um proprietário de um quiosque de venda de milho verde, que não quis ser identificado.

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