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Uma das metas de Souza é orientar políticas públicas que previnam as ocupações irregulares | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Uma das metas de Souza é orientar políticas públicas que previnam as ocupações irregulares| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Mais atingidas

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas a Desastres Naturais (Cemaden) monitora 535 municípios em todo o país. No Paraná, as cidades com maior risco de deslizamento são:

• Almirante Tamandaré

• Antonina

• Capitão Leônidas Marques

• Cerro Azul

• Curitiba

• Fazenda Rio Grande

• General Carneiro

• Pinhais

• Rio Branco do Sul

• São José dos Pinhais

• São Miguel do Iguaçu

• Umuarama

• União da Vitória

Prever com eficácia de até 94% onde e quando podem ocorrer deslizamentos induzidos por chuvas ou terremotos é o resultado de uma pesquisa recente conduzida pelo engenheiro civil Fábio Teodoro Souza, professor da Pós-Graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Parte do estudo foi publicada na revista especializada Environmental Monitoring and Assessment (em inglês, Monitoramento Ambiental e Avaliação). O modelo computacional de previsão não foi criado pelo especialista da PUCPR, mas ele é um dos primeiros a cruzar os diversos dados para prever a chance de deslizamentos na cidade do Rio de Janeiro e na província de Sichuan, China.

INFOGRÁFICO: Veja como funciona a metodologia da pesquisa

"A taxa de acerto alcançada pelo sistema merece comemoração. No Rio de Janeiro, por exemplo, a taxa de eficácia da atual metodologia utilizada pelo Instituto de Geotécnica do município alcança 50%. É a mesma probabilidade de tirar a sorte com uma moeda", critica.

A meta original do pesquisador é ajudar a orientar políticas públicas contra ocupação de áreas de risco e a nortear ações das equipes de Defesa Civil. No caso de resgates, saber onde ocorreram os deslizamentos agiliza as operações de salvamento de pessoas, aumentando as chances de encontrar sobreviventes. Mas nenhuma instituição ou órgão público se interessou pelos resultados obtidos. "Assim que acabei minha pesquisa, fiz mais de 30 cópias e entreguei exemplares para diversas instituições federais e do Rio de Janeiro. Ninguém nunca entrou em contato", diz Souza.

Como funciona

O modelo pode ser aplicado em qualquer região em que abalos sísmicos ou chuvas causem deslizamentos. Basta especialistas fazerem uso da mesma ferramenta de rede neural artificial e cruzarem diferentes dados dos últimos desastres da região. Ao munir o sistema com informações de ocorrências passadas, o programa cria um padrão sobre o qual faz as previsões futuras.

Entre março de 2000 e junho de 2004, o cientista da PUCPR utilizou modelos computacionais para cruzar mais de 46 tipos de dados e, assim, indicar a probabilidade de ocorrência de deslizamentos na cidade do Rio de Janeiro. Entre os parâmetros levados em conta, estavam histórico de desastres, índices de chuva, características do solo, entre outros.

A partir de 2008, ele desenvolveu estudo pare­cido na Universidade de Tsinghua, em Pequim, Chi­na, desenvolvendo método similar que permite a localização de deslizamentos causados por terremotos na província chinesa de Sichuan. Para chegar ao resultado, o pesquisador usou histórico de quase 4 mil casos de deslizamentos ocorridos em Sichuan entre maio e setembro de 2008.

Paraná

Defesa Civil do estado quer implantar esquema de alerta em até 3 anos

Para reduzir a distância entre as soluções propostas pelos cientistas e a prática diária da Defesa Civil, o governo do Paraná, por meio de decreto do ano passado, criou o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Ainda em fase de instalação, o centro começa suas atividades dentro de dois meses e está aos cuidados da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil.

Segundo o Capitão Eduardo Gomes Pinheiro, chefe da seção de fortalecimento da gestão de riscos e desastres, a Defesa Civil tomou conhecimento das pesquisas do professor Fábio Teodoro Souza e pretende, em até três anos, implantar um sistema de previsão de desastres. "Atualmente, quando ocorre um deslizamento, por exemplo, o alerta só é possível pelo preenchimento manual do nosso sistema pelo município", explica Pinheiro, que é aluno do mesmo programa de pós-graduação do qual o professor da PUCPR faz parte. O objetivo é criar uma sala que combine alertas meteorológicos do Instituto Tecnológico Simepar com alertas de áreas de risco da Defesa Civil do Paraná.

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