Quando a raiva no trânsito é tamanha que prejudica as demais atividades do motorista, a diretora de psicologia da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Raquel Almqvist, afirma que é preciso parar e pensar no que está causando a irritação. "A pessoa já sofre estresse no trabalho, na família ou na vida social e acaba extravasando tudo isso no trânsito porque acha que está protegida dentro de uma armadura de lata, que é o carro", aponta. Segundo Raquel, é importante que o motorista nesta condição deixe o carro na garagem e comece a utilizar o transporte coletivo para evitar consequências piores.
Para a coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Iara Thielen, o impacto que as questões rotineiras das ruas causam nas pessoas varia de acordo com a percepção que elas têm sobre o trânsito. "Se elas têm uma concepção sobre o uso coletivo do trânsito elas não vão se estressar tanto, mas quando têm uma concepção privada, elas não vão admitir, por exemplo, que alguém passe acelerando ao seu lado ou que o fluxo esteja lento", explica. Para Iara, tendo uma visão coletiva do trânsito é mais fácil digerir, por exemplo, a ideia de que uma rua tem buracos.
Os motoristas em geral, conforme Iara, resistem a admitir seus erros. "Não dá para beber e sair dirigindo porque eu posso prejudicar alguém", comenta. "O trânsito mudou e tem muitas outras configurações. Se cada um não fizer a sua parte, o governo fará muito pouco por nós", completa. (MGS)
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